sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010


Ela veio trazida pelos ventos gelados de fim-de-abril
E derreteu entre meus braços.

...É ela similar á Psique.

...Não sei se sou como Eros,mas,
entre a pedra lavrada
que se dissolve em ilusões tetraplégicas;
através da rocha talhada fundida com bronze;
uma das tenazes no espelho,
com uma lança urrando contra vitrais,
outra das tenazes,a segurar
botão de rosa,de uma Vênus solene-quase-sacra,
assim,no dia de um banquete,
ela me auferiu

sábado, 13 de fevereiro de 2010



Hoje,foi um dia estranho...;Já faz algum tempo tenho sentido a cobrança de ser e tornar-se um homem - mas nada a ver com o homem gênero,mas sim a cobrança social que têm-se para que eu e tantos outros sejam firmes financeiramente falando,e capazes de suprir um lar.Ultimamente tenho sentido muito essa cobrança,e os conflitos dela com meus anseios,possibilidades e com as pessoas em meu redor.Ultimamente,parece que até mesmo a novela que acabo ouvindo de relance no televisor do serviço,tem contribuido para que esse fluxo/refluxo de análises me acometa.Rs,ontem mesmo: o televisor fica suspenso acima de mim na pizzaria,enquanto corto a massa e faço esfihas;a personagem que é tetraplérgica cortou relações de vez com o ex,e um dos argumentos dela foi que "sei que você é daqueles homens que lutam para nada faltar em casa,mas não dá,eu quero mais!".Fiquei pensando "é melhor ser trabalhador demais e nada faltar,no entanto ser meio ausente(por causa do trabalho e do cansaço que decorre dele),ou ser mais presente,não trabalhar em excesso e cometer uns deslizes -coisa que aliás de vez em quando cometo e minha namorada é testemunha,apesar de ser um funcionário muito esforçado-,ou ainda ver-se sem a infraestrutura necessária.Antes achava que esses pensamentos só pertubavam a mim,mas pelas conversas que tive com uns amigos,parece que todo homem que tem expectativas com seus relacionamentos,têm medo das mesmas coisas.Foi o que constatei conversando com alguns;um deles chegou a dizer "-Não quero casar,não!Como vou sustentar minha esposa ganhando tão pouco!".Desculpem se parece machismo,mas não parece algo que um Homem diria;nem o que se esperaria sair da boca dele.


Hoje então...Fiquei aflito comigo hoje pensando nessas coisas,de que deveria ser mais responsável,etc;o celular toca,é minha irmã,com a voz triste meio severa,querendo falar urgente comigo.Nunca a vi tremendo daquele jeito(ou antes não convivo com ela a tanto tempo,que não consigo recordar-me de um evento similar).Eram os problemas com o namorado,e sua relação de quatro anos dela...Ele nunca admite,mesmo todos sabendo e visto,que ele a traiu.Pelo rosto dela senti o quanto aquilo machuca.Formalmente têm-se o consenso de que um Homem deve admitir o que faz de errado,porque ocultar dói mais.E visto toda cobrança relativa á carreira que pedem de nós,o mistério torna-se incoveniente ante a solidez da tranparência.Na minha casa também,mais decepções,mais problemas.No meio do choro de minha irmã,no entanto,consegui ver nos olhos embaçados e nas lágrimas ainda quentes,aquela luzinha discreta mas inconfundível da esperança concrecível: andava me lamentando,ainda há pouco tempo a respeito da forma como minha família se dissolveu,e do quanto minha mãe faz falta,apesar de não comentar muito com ninguém,o quanto queria que ela estivesse viva,me ajudando nos estudos,vendo-me formar,e conhecendo minha namorada.Logo vi,que esse sofrimento é um pouco egoísta,e até irracional: ela não poderia permanecer viva passando por aquele sofrimento todo;minha irmã,apesar dos pesares ficou amparada -pior teria sido se eu tivesse bem e ela não...;e minha mãe jamais teria conhecido minha atual namorada: estou convencido de que se a história fosse diferente,não teria conhecido minha companheira de agora e portanto,nunca iria apresentá-la a minha mãe.Logo então toda angústia deixou de fazer sentido; -e eis que a vida pode vir a dar outra volta: a luz que vi em minha irmã,brotou de seus lábios quando ela mencionou a possibilidade de voltarmos a morar juntos. ...O mundo dá voltas.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Fragmentos - Parte IV "Outono"





Outono,doce outono
Que comigo em tardes de maio
desenhou no chão
passos de tango


Amor,doce amor
Que no outono sempre leve
No outono sempre longo
com seu vestido esvoaçante
concedeu-me dançar
contigo um tango


- ...Em Minnesota,
mãos foram lavadas
pelas folhas
...Em São Paulo,
pés foram enterrados
pelas folhas;
Em todos lugares
hipnotizado pela dança;
Em lugar algum
perfumado por seu cheiro casto


Outono...Outono...


Quando sussurra nos ouvidos
o entardecer está acabando,
o frio arrepiando,
a tristeza desviando,
a escuridão,guiando


Quando conforta ouvidos,
o vento uiva uma canção pálida,
a luz ergue-se rumo ao céu/arranha o Céu,
e cospe na face
o vigário da velhice,
e a visão fica desajeitada,
como uma foto em negativo.


Erguido e só,
o vigário consome-se
até a Terra devorar-lhe
os pés redondos;
- ela deglute a esfera,
para horas depois devolve-la -
deus-do-outono se agrada;
outono corre paralisado
em derredor;
as folhas paridas das árvores
caem ao solo para perdição;
as folhas são a neve/a neve é rubra,
as copas secas são mãos,
e todas variedades de amarelo
cansam a visão.


Os morros serão os mesmos
- sempre são os mesmos -,
mesmo quando as cores opacas
ameaçam seu brilho secreto


Toca-me/com suas mãos mornas
divirto(me) quando Hermes enfim
vira a ampulheta


Outono!
...Morno...
Que venha a seu sucessor!



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sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

3rd and the Mortal - Crystal Orchids


Orquídeas de Cristal

Eu te dei minha palavra
E as hastes de luz
Abriram o céu


Mas enquanto sua sombra sobe
Movendo cores em sua mente
Ajoelho-me silenciosamente


Eu te dei meu amor
Como as árvores enferrujadas
Semeando espadas no chão


E enquanto sua sombra sobe
Movendo cores em sua mente
Ajoelho-me silenciosamente
Formigando friamente cavo minha pele
Orquídeas de cristal florescendo