sexta-feira, 30 de outubro de 2009


Todo o artista,eu acho,é um modificador.Claro,é meio vago falar isso,pois se trata do ser humano,o único ser vivo que leva seu habitát pr'onde for,seja os pólos,ou o Saara.Mas fico pensando nisso...O escultor,deforma a pedra,até que ela adquira outra forma;ela não deixa de ser pedra,mas torna-se diferente.Mesmo o músico,pode caso queira,criar uma ordem não muito natural,na sua seqüência de sons.Em algum plano o artista modifica.Platão,se não me engano,dizia que o artista era uma abominação,pois ele deformava a realidade de acordo com sua vontade,e isso deve dar um certo trabalho á filosofia,cuja principal tarefa é justamente empreender e compreeder essa realidade.Rsrs,de certa forma é como se arte e filosofia fossem opostos.E essa discussão dá muito pano pra manga...

Abraço á todos(apesar de ainda não ter nenhum seguidor :( .



Venha sussurro,e deixe-me feliz


enquanto você se vai.


Venham braços


e com abraços


cálidos,


deixe minhas asas em paz




Oh!Inverno longo!


Onde foram parar nossas


tulipas tão sinceras?




Teu amor navega como Odisseu,


para Ítaca algum dia voltar;


me ame com seus lábios


e o vento há de te proteger.




Com sussurros,


sem ser brusco,


com o amor de Deus


disfarçado na serenata...




Me diga bom dia,anjo


enquanto toco-a com meus lábios


na sua face amanhecida.




Me diga bom dia,anjo


enquanto baixinho o paraíso lamenta.




Ame e tenha fé:


Será vastidão,serias pinheiro,serias riacho.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Algumas Impressões sobre Vc(os sentimentos que vc me causa)


Já em chamas e completamente borbulhante

em vão prometeu tornar-se gelo;

em vão orou para a nevasca!

em vão tentou ser como antes

e apenas seguir o curso dos oceanos:

Já estava tomado por incêndio grandiloqüente!


Agora apenas vapor(!)

agora guiado pelas asas do deus Éolo,

subia aspergindo sua essência;

aspergindo a solidez que não possuía


Esqueceu-se como ser intangível igual o gelo,

fluido como a água...


Era vento,era vapor;

tornou-se nuvem,filho do ar;

tornou-se o próprio ar!Tornou-se sussurro...


Possêidon!Como pode a água ser tão caótica?

É esse o feitiço do fogo?




OBS:a foto que ilustra o texto,é de autoria de Fredi Kleemann(1927-1974)
OBS²:é de minha autoria.Dedico-o á uma pessoa querida *_*

Miserere!



Faz algum tempo,acho uns três anos,estava ouvindo a Cultura FM(minha rádio favorita


\°/ );tem um "quadro",chamado pergunte ao maestro;pois bem,um ouvinte havia comentado sobre uma HQ,na qual aconteceu algo pra lá de curioso: o personagem,havia infligido alguma regra,grande o sulficiente para considerá-lo um pecador.E dos grandes!O único jeito de redimir-se de Deus e dos homens,seria entoar um "Miserere";um cântico cristão que evoca a Misericódia de Deus.Devo admitir ser esquisito logo eu,falar a respeito dessas coisas,mas quando ouço certos hinos,principalmente a liturgia cristã da Idade Média,não deixo de ficar tocado. ...Outro episódio que vale citar,é sobre a Antífona Mariana "Salve Regina" (Salve Regina /Mater Misericordiae/Vita Dulcedo);ela era muito entoada no fim do século XIV,começo do XV,principalmente pelos marinheiros ibéricos.Eles se juntavam no convés do navio,todos,pouco antes do cair do Sol e,á capela,em uníssono como pede a música litúrgica clássica,entoavam o Salve Regina,pedindo misericórdia à Deus e o bom sucesso da viagem.Tenho uma fitinha com o Salve Regina de Poulenc,essa versão sendo já bem mais recente,acho que dos anos 1920 mais ou menos.Mas não deixa de ser tocante!...Sei que ele compôs essa versão,por ocasião da morte d'um ente querido.
O tal do Miserere,corresponde ao Salmo #51;mas o que mais me toca mesmo,é a transparência com a qual as músicas sacras eram entoadas nessa época.Parece não sei,que ainda em carne virava-se espírito;me sinto etéreo e puro,só de entoar essas melodias aqui,na minha mente.E choro.Rsrs,cheguei a chorar copiosamente numa madrugada,na qual no breu do quarto de dormir,pus-me a ouvir a tal fitinha,e com outras liturgias também^^.Mas não é o orvalho da tristeza(gosto de referir-me ao choro,como orvalho).É antes um peso enorme que se esvai de meus ombros,e rola-se lágrimas d'uma alegria branda,serena,cingida pela consciênca profunda de minha pequenez ante o intrasponível céu que sobrepõe-se a mim rumo ao cosm0.^^ É bom respirar isso.
Somente algo como um "Miserere",é capaz de tirar de dentro de nós todas aquelas angústias secretas que nos abafam,ainda que momentâneamente.Desejo um sincero "Miserere",ás pessoas que amo.
Abraço á todos!
P.S.:Aqui,segue-se o vídeo do Salve Regina de Poulenc!




segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Interlúdio


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"Orvalho que me molha,
que esgueira-se por mim,
como se fosse eu...
Um nada."

Estréia - Parte I


Bem,é minha estréia nesse negócio de blog.Sempre pensei em ter um para falar a verdade,no entanto,sempre tive um certo receio de copiarem meus textos.Não que eles valham lá grande coisa,mas são meus.Nunca tinha visto ninguém fazer isso,até um mês atrás mais ou menos...,Mas exercitar a escrita é bom,e talvez quem sabe ao expor minhas feridas e demônios de forma pública,não fico um pouco melhor?Parece mórbida talvez,essa história de lavar roupa suja em público.É meio feminino também,eu acho;mas desde os dezesseis(mesma idade na qual passei a ver um mundo de forma menos inocente e tive uma distimia),passei a imaginar o próximo,aquele com quem esbarramos na rua o tempo inteiro,como uma espécie de "extensão do eu".Ora,se uma pessoa não possui algum tipo de limitação mental ou sensorial,logo ela está passível de passar pelas mesmas sensações que eu.Claro,isso sempre ocorre,mas a forma como resolvemos isso,muda de "eu" para "eu". ...Se alguns amigos de internet postarem seus pontos de vista,enriquecidos por suas próprias conexões neurais,posso aprender a sanar certas coisas.Ou não.Por minha vez posso ensinar também.Essa visão do outro como outro "eu",apropriei-me dela as dezesseis novamente,enquanto assistia o "Café Filosófico" da Rede Cultura(mudou minha vida,a propósito^^).É uma forma grega de ver as coisas ao que me parece.Acho que faz algum sentido,pois só podemos saber certas coisas,tendo o próximo como parâmetro.Sensações como identificação,desconforto,angústia social,senso de individual,só podem imaginar a existir,se há uma outra pessoa envolvida,para se realizar as comparações.O mesmo vale,acho,para sentimento de culpa ou dívida,estranhamento de si mesmo.
...Nunca achei-me uma pessoa estranha ou densa,ou qualquer coisa do tipo,antes dos tais quinze,dezesseis anos.Antes tinha uma visão simples de mim e dos demais.
Nesse ponto pós-2004,outra coisa que parece fazer algum sentido,é a tal história dos signos:sou peixes com ascendente em aquário e lua em peixes.Quando leio algum artigo sobre os dois,me vejo muito neles-rebeldia de aquário;fé/desejo de crer de peixes;racionalismo e frieza de aquário;sentimentalismo e falta de controle piscianos.De peixes ainda,a melancolia,os desgostos secretos que se sedimentam no oceano profundo do espírito,a falta de jogo-de-cintura,a empatia elevada á "n";de aquário a jeito cínico/palhaço;a facilidade em ficar revoltado,a imaginação.Mas os dois têm em comum o pouco senso individual.
...Parando pra pensar bem,as maiores alegrias,os maiores sonhos que acendem dentro de mim,não são refeições solitárias.Desde os dez,quando passei a escrever meus sonhos,sempre quiz uma casa grande,um carro grande;esposa,uns três filhos,sendo que um talvez fosse adotado...
Rsrsrs...Agora me lembro com certa saudade:aos dez anos,em 1998,saia da escola,ia pra casa;arrumava-a,assistia "Blossom",fuçava a coleção de discos de meu pai e ia buscar minha irmã.Houveram muitos dias quentes em '98,mas os dias que pareciam melhores e que se encarnaram nas paredes da alma,foram os dias nublados,paradoxalmente alegres. ...Meu pai tinha um disco coletânea(aquelas "bolachonas" de vinil),de duas bandas de rock instrumental dos anos '50.Quase sempre ouvia aquilo...,Na capa,tinha um Chevrolet,acho que '57,vermelho.:Meu sonho era: fazer um baile na escola;com iluminação intimista;havia um palanque d'uns três degraus de altura-lá,eu vestido todo de jeans,com uma jaqueta,dançaria uma música lenta daquele disco com minha namorada;enquanto veria os outros casais dançando também.Ela,com um vestido tipo "Marilyn Monroe",balançando ao som de The Ventures e The Shadows...Tudo isso num dia nublado,claro!;Na saída,pegaria o Chevrolet '57,e na estrada imaginava-a dando risada no banco do carona,com óculos escuros.
Fique claro: hoje não viajo tanto;quero coisas mais possíveis -e baratas;mas considero esse um sonho coletivo.
Meus pais fizeram algo ótimo e péssimo: 'té a morte de minha mãe,convivi com pouquíssima gente,se comparado com outras pessoas.Claro que joguei bola na rua,mas eram sempre a mesma meia-dúzia de amigos.Vivi em cortiçoa algumas vezes(nunca ficava mais que uns dois ou três anos na mesma casa normalmente),no entanto o contato com os demais,era meio restrito...;Em casa ficava com a tv e o rádio.Antes dos doze,não sabia lá muito bem o que era samba ou pagode;aliás,até sabia,mas não estava dentro de meu mundo;não sabia também muito bem,o que era vôlei ou futebol na rua;nunca tive um "time rival da rua de trás";não sabia o que era machismo ou feminismo,mas bem bem cedo soube o que era violência doméstica.Novamente antes dos doze,ouvia música sacra:Embaixadores de Sião;Grupo Hágios;Padre Zezinho;Feliciano Amaral...;Ouvia Steve Ray Vaughan e seu blues texano;os já citados The Ventures e The Shadows;alguma coisa de Soul Music,tipo Lionel Ritchie;Um pouco de Suzane Vega;tinham uns discos do meu pai,coisa dos anos '50/'60 também,mas nada muito rock.Algumas coisas em francês,das quais nem lembro os nomes dos intérpretes;B.J. Thomas;de vez em quando uma meia-hora de rádio Usp;e uma fitinha que tinha "Aonde Você Foi" do Cidade Negra,e outras coisas. .