quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Fragmentos - Parte IV "Outono"





Outono,doce outono
Que comigo em tardes de maio
desenhou no chão
passos de tango


Amor,doce amor
Que no outono sempre leve
No outono sempre longo
com seu vestido esvoaçante
concedeu-me dançar
contigo um tango


- ...Em Minnesota,
mãos foram lavadas
pelas folhas
...Em São Paulo,
pés foram enterrados
pelas folhas;
Em todos lugares
hipnotizado pela dança;
Em lugar algum
perfumado por seu cheiro casto


Outono...Outono...


Quando sussurra nos ouvidos
o entardecer está acabando,
o frio arrepiando,
a tristeza desviando,
a escuridão,guiando


Quando conforta ouvidos,
o vento uiva uma canção pálida,
a luz ergue-se rumo ao céu/arranha o Céu,
e cospe na face
o vigário da velhice,
e a visão fica desajeitada,
como uma foto em negativo.


Erguido e só,
o vigário consome-se
até a Terra devorar-lhe
os pés redondos;
- ela deglute a esfera,
para horas depois devolve-la -
deus-do-outono se agrada;
outono corre paralisado
em derredor;
as folhas paridas das árvores
caem ao solo para perdição;
as folhas são a neve/a neve é rubra,
as copas secas são mãos,
e todas variedades de amarelo
cansam a visão.


Os morros serão os mesmos
- sempre são os mesmos -,
mesmo quando as cores opacas
ameaçam seu brilho secreto


Toca-me/com suas mãos mornas
divirto(me) quando Hermes enfim
vira a ampulheta


Outono!
...Morno...
Que venha a seu sucessor!



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