quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Fragmentos - Parte III "Hanna"



"Hanna morre,
Hanna deixa de existir,
e com seu sangue já não quente
vai-se o elixir;
Hanna agora reina
Sobre impérios além de minha compreensão,


Quando o orvalho escorrer pela parede
haverá consciência da sentença -
condenado pelo tempo
a óbitos em imensidões oníricas;
em aventuranças e presenças
consumir-se-á as asas nas chamas
que queimam e matam todos os dias,
dia após dia ao crepúsculo]


Faz da vida vida quente-fria,
Vida flamejante-gélida!
acabarnos faz
com nossas tulipas.
Mais cedo do que deverias.


...Talvez esteja em tempo
de Hanna re-encontrarmos"






*Escrito originalmente em 01/06/2006

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Fragmentos - Parte II "Entardecer na Praia dos Sonhos/Noite de Verão I "



A areia felpuda como raposa - a areia;
na orla,pegadas,
há pegadas,
houveram,
haverão;
sereias se divertem com isso!;
é como uma vela que se consome mas,
uma vez derretida
há de se consumir de novo,
há de iluminar de novo,
há de aquecer de novo;

...E o ocaso reflete-se
no seu rosto.
o entardecer destaca
sua ruivez,
a água que parece ameaçadora
a abraça,
- e não nota

Solene?Solenidades normalmente são vãs!

quem arrasta é o mar:
como criança carrega minha areia
como criança carrega sua areia,
e isso é-lhe aprazível.

o vento há de dar-lhe fôlego,
o mar será companheiro,
marés guiarão,
asas coladas dia inteiro.

...

...Nossas pegadas na praia secreta das vidas,
todos vão e vem;
as ondas levam os grãos,
para um lugar que Netuno conhece;

Nossas pegadas em lugar desconhecido:
o vento pode desmanchar,
a água furtar,
mas sempre que as levarem,
apenas nos tornarão um só -
um só com vento
ou água.


A brisa do verão seca o excesso
a água lava nossos pés.

A água lava nossos pés -
- Oh!Como é bela!
Como sua alma é bela!

O calor do verão:
cálidas serão as horas
que antecedem a chuva.

Serenas serão como sonhos
as horas de chuva,
em noites de verão.




sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Fragmentos - Parte I "Chuva"











Vida - delineia seu arco sob o Céu
Arrasta - as órbitas secretas que
mais secretamente ainda,indicam o caminho
sendo bússola,sendo astrolábio,sendo cruz;


Em desvario,ela tocou-me:
e as órbitas continuaram;
-seus ciclos são profundos.

Em desvario ela tocou-me:
e os pássaros fizeram uma canção;
o deus do som arrastou meu caminho!


Em alegria: as coisas todas perderam-se
bússolas sem norte ou sul
manchas que não mancham
dores que não doem
frio que aquece;
chuva -esta sim,apenas esta-
testemunha: ela é só chuva
ela é só água
ela é só ela;
ela se dissolve,
ela tange,
ela molha,
ela consola;
ela entristece,
ela alegra;
casa-se com o Sol
mas a nuvem cinza é sua amante;
ela derrota,
ela é derrotada,
vencedora e vencida á um só tempo,
ela redige essa canção:
ela não estava lá para ver o desvaire,
ela não a viu,quando suas mãos deslizaram,
mas ela estava lá!
Ela lá esteve o tempo todo,
como testemunha
em seus baluartes celestes



A vida veio como dama nobre novamente
sem no entanto nunca ter saído;
a tristeza veio: em seus trajes monocromáticos
com suas agulhas de crochetar;
a esperança: girou nos calcanhares
para indicar-me a direção -e estava nua;
a dúvida: com seu martelo de juiz,
ameaçou setenciar-me -usava máscara;
E a chuva estava lá,
ela viu,
ela presenciou,
sem no entanto mover-se
momento algum.





"Caem os pingos de chuva

caem os flocos de neve

o Sol está escondido

atrás de sua echarpe cinzenta,

mas o amanhecer...

Oh!O amanhecer!

Aquece minha alma"