quinta-feira, 9 de setembro de 2010



Bem,há muito tempo que nada posto..., Acho que nada melhor que uma pequena homenagem a quem me incentivou (ainda que indiretamente), a fazer o blog.

Deftones - Digital Bath
Você se move do jeito que eu gosto
Ver o jeito que seus olhos ficam
Nós estamos no térreo onde
Ninguém pode ver
Nova vida se desfaz
Esta noite me sinto resistente
Esta noite
Você faz a água ferver
Seu gosto é exótico
E eu sei que você consegue ver
A corda se desfaz
Pois esta noite me sinto resistente
Esta noite me sinto resistente
Sinto resistência
Você ofegou
E de repente parou
Eu ofeguei e entao sequei você
E esta noite
Me sinto resistente
Esta noite

terça-feira, 4 de maio de 2010

Equilibrio


Esta é a dança mais lenta
A dança de mil anos
A dança das estátuas congeladas
Unidas nas lágrimas.


Esta é a luta mais sombria
A luta de mil anos
O espancamento de sangue
Através de nossas veias
Em nossas veias
Em nossos olhos
Os círculos de medo.


Eu me agarro em você
Tão frio, tão brilhante
Segure-me durante a noite.


Rostos sem expressão
Parque do desperdiçado
Na escuridão pálida
Eu me apego em você
Na escuridão pálida
Eu estou seguro e tranqüilo.


Eu nado em você
Em seus rios sombrios
Mergulho em sua mente
Procuro por seus monstros
Procuro por resistência
Afundo na lama
Danço nos salões da insanidade
Contudo a loucura é
Seu feito mais elevado
Sua vaidade.


Amante - você me fez
Amante - você me salvou
Em suas mãos frias
Eu sou somente uma ferramenta.


Amante - você me fez
Amante - você me salvou
Em suas mãos frias
Eu estou seguro e tranqüilo.

(Tristania - álbum "Ashes")


segunda-feira, 19 de abril de 2010




[O Silêncio]

Oh terra bonita
Por quanto tempo você esteve calada
Toque-me uma vez mais

As metiras frias do chão escuro
Escute: Sim,sou eu
A febre da humanidade,
leviana de desejos como sempre
[My Dying Bride-The Return of the Beautiful]

"Se cada ato,pessoa,coisa ou atributo fosse realmente maniqueísta,já teríamos nos extinguido,há muito tempo,muitas eras"

Com exceção á algumas coisas,tudo ao redor está em silêncio,tudo parado.
Coisa engraçada:silêncio e estática são noções que na verdade,em última estância não existem.Mesmo algo parado têm movimento;mínimo,microscópico,mas tem,e acho que só quando prestamos muita,muita atenção,é que notamos.Sem perdas,ganhos,Deísmo,ateísmo,bom,mal...Não quero saber de nada disso;dessas coisas meu coração já está farto,e elas transbordam de meus lábios,como se eles fossem um dique a ruir.Sem hedonismo também.
-Os números me saltam aos olhos;a luz da tevê incomoda-me no zapear noturno,e não,não consigo concentrar-me em nada.Absolutamente.O tic-tac,e todos os tempos correndo simultaneamente por detrás de minhas retinas.São 04 horas da manhã.Mas esta luz...Oh!Como é bela!...Sabe,tinha então eu esquecido-me daquela sensação que a luz da remembrança causa(-mas de novo o tempo!?)(-...Me pedoe,não se trata disso).É que a luz foi igual á de um dia que vivi,mas o dia não era igual: estava mais frio,garoava;quando cheguei em casa,lá estava meu caderno de história da quarta série,a letra miúda,metade da minha atual,e muito,muito caprichado,sem rasuras.Fiz um chá(sempre fazia),e estava muito,muito feliz;aliás não digo feliz,pois para ser feliz,acho que é necessário ser como um disco riscado,e ficar tocando o mesmo trecho de música indefinidamente.Por sinal erro nesse ponto:não existe felicidade ou infelicidade,pois para tanto é preciso viver duas vezes a mesma vida e comparar-se;se uso essa palavrinha,é com o único objetivo de me fazer entender por entre um conceito e outro. ...Mas sabe,naquele dia eu estava satisfeito;isso sim!,E aquela luzinha das 04 da manhã era igualzinha á daquele dia(ou quis tanto que fosse,que acabei por iludir-me: o cérebro trama dessas).

...Caraca!Naquele dia,eu tinha consciência de tanta coisa!Hoje só sei que nada sei...É duro admitir,mas orgulho ferido dói mesmo!E como.
.............................................................Tenho certeza de que amo muitas coisas,e de que se eu fosse um disco,seria feliz de repeti-las indefinidamente,várias e várias vezes.Como não sou um disco,não sou feliz pois não me repito(em última instância),mas sou satisfeito pelas coisas que amo.Mas parece que não consigo mais apertar o botão certo para senti-las melhor;nem chove como gostaria tanto que chovesse,ou faz frio como gostaria.

"Um jardim deserto para gritar"[Restless Oblivion-Anathema]

Não quero armas,armadura,livros.Não quero sorrisos,lágrimas,gritos ou caretas.Não quero saber,tampouco ignorar.Mas é isso possível?Queria deixar de desejar também,e deixarigualmente de lado com o desejo, a apatia.Sem liberdade,prisão ou meio-termo.Queria ser eterno,tão-somente isso.Fogo e água em sagrada união e por livre e espontânea vontade.

"Eu fechei a porta
e fechei os olhos ao fim do dia.
Não é como costumava ser." [Stalemate-Katatonia]

P.S: Como não sou eterno,contento-me em imaginar-me de tal forma.Só há um dia e só posso viver um por vez.



quarta-feira, 10 de março de 2010



Por vezes,durante várias e várias épocas,dissolve-se;
dissolvemo-nos;é como o vício que as enseadas têm de
largarem-se para que a língua de Possêidon as digira.

Sempre achamo-nos similares à areia,que um dia foi rocha,que um dia
numa possível infância caso não se tratasse d'um mineral,foi uma criança,e,
sendo portanto criança,sendo íntegra,e fixa,e intragável em sua constituição
espiritual.
(se)fôssemos plumas:
Que um dia asa,e sendo asa: pássaro -
conduziu ser vivo ao vôo;
ao vôo,ao nado;mas a pluma (é) arrastada através do céu
em oceano de ar que envolve; volve; revolve.

Passados os anos: decênios,milênios (em imortalidade inútil),
é como se fôssemos pedaços
apenas pedaços:
Partes,cacos,fragmentos; -
pluma
grão-de-areia
dente-de-leão
abandono
decrepitude
perdição


sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010


Ela veio trazida pelos ventos gelados de fim-de-abril
E derreteu entre meus braços.

...É ela similar á Psique.

...Não sei se sou como Eros,mas,
entre a pedra lavrada
que se dissolve em ilusões tetraplégicas;
através da rocha talhada fundida com bronze;
uma das tenazes no espelho,
com uma lança urrando contra vitrais,
outra das tenazes,a segurar
botão de rosa,de uma Vênus solene-quase-sacra,
assim,no dia de um banquete,
ela me auferiu

sábado, 13 de fevereiro de 2010



Hoje,foi um dia estranho...;Já faz algum tempo tenho sentido a cobrança de ser e tornar-se um homem - mas nada a ver com o homem gênero,mas sim a cobrança social que têm-se para que eu e tantos outros sejam firmes financeiramente falando,e capazes de suprir um lar.Ultimamente tenho sentido muito essa cobrança,e os conflitos dela com meus anseios,possibilidades e com as pessoas em meu redor.Ultimamente,parece que até mesmo a novela que acabo ouvindo de relance no televisor do serviço,tem contribuido para que esse fluxo/refluxo de análises me acometa.Rs,ontem mesmo: o televisor fica suspenso acima de mim na pizzaria,enquanto corto a massa e faço esfihas;a personagem que é tetraplérgica cortou relações de vez com o ex,e um dos argumentos dela foi que "sei que você é daqueles homens que lutam para nada faltar em casa,mas não dá,eu quero mais!".Fiquei pensando "é melhor ser trabalhador demais e nada faltar,no entanto ser meio ausente(por causa do trabalho e do cansaço que decorre dele),ou ser mais presente,não trabalhar em excesso e cometer uns deslizes -coisa que aliás de vez em quando cometo e minha namorada é testemunha,apesar de ser um funcionário muito esforçado-,ou ainda ver-se sem a infraestrutura necessária.Antes achava que esses pensamentos só pertubavam a mim,mas pelas conversas que tive com uns amigos,parece que todo homem que tem expectativas com seus relacionamentos,têm medo das mesmas coisas.Foi o que constatei conversando com alguns;um deles chegou a dizer "-Não quero casar,não!Como vou sustentar minha esposa ganhando tão pouco!".Desculpem se parece machismo,mas não parece algo que um Homem diria;nem o que se esperaria sair da boca dele.


Hoje então...Fiquei aflito comigo hoje pensando nessas coisas,de que deveria ser mais responsável,etc;o celular toca,é minha irmã,com a voz triste meio severa,querendo falar urgente comigo.Nunca a vi tremendo daquele jeito(ou antes não convivo com ela a tanto tempo,que não consigo recordar-me de um evento similar).Eram os problemas com o namorado,e sua relação de quatro anos dela...Ele nunca admite,mesmo todos sabendo e visto,que ele a traiu.Pelo rosto dela senti o quanto aquilo machuca.Formalmente têm-se o consenso de que um Homem deve admitir o que faz de errado,porque ocultar dói mais.E visto toda cobrança relativa á carreira que pedem de nós,o mistério torna-se incoveniente ante a solidez da tranparência.Na minha casa também,mais decepções,mais problemas.No meio do choro de minha irmã,no entanto,consegui ver nos olhos embaçados e nas lágrimas ainda quentes,aquela luzinha discreta mas inconfundível da esperança concrecível: andava me lamentando,ainda há pouco tempo a respeito da forma como minha família se dissolveu,e do quanto minha mãe faz falta,apesar de não comentar muito com ninguém,o quanto queria que ela estivesse viva,me ajudando nos estudos,vendo-me formar,e conhecendo minha namorada.Logo vi,que esse sofrimento é um pouco egoísta,e até irracional: ela não poderia permanecer viva passando por aquele sofrimento todo;minha irmã,apesar dos pesares ficou amparada -pior teria sido se eu tivesse bem e ela não...;e minha mãe jamais teria conhecido minha atual namorada: estou convencido de que se a história fosse diferente,não teria conhecido minha companheira de agora e portanto,nunca iria apresentá-la a minha mãe.Logo então toda angústia deixou de fazer sentido; -e eis que a vida pode vir a dar outra volta: a luz que vi em minha irmã,brotou de seus lábios quando ela mencionou a possibilidade de voltarmos a morar juntos. ...O mundo dá voltas.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Fragmentos - Parte IV "Outono"





Outono,doce outono
Que comigo em tardes de maio
desenhou no chão
passos de tango


Amor,doce amor
Que no outono sempre leve
No outono sempre longo
com seu vestido esvoaçante
concedeu-me dançar
contigo um tango


- ...Em Minnesota,
mãos foram lavadas
pelas folhas
...Em São Paulo,
pés foram enterrados
pelas folhas;
Em todos lugares
hipnotizado pela dança;
Em lugar algum
perfumado por seu cheiro casto


Outono...Outono...


Quando sussurra nos ouvidos
o entardecer está acabando,
o frio arrepiando,
a tristeza desviando,
a escuridão,guiando


Quando conforta ouvidos,
o vento uiva uma canção pálida,
a luz ergue-se rumo ao céu/arranha o Céu,
e cospe na face
o vigário da velhice,
e a visão fica desajeitada,
como uma foto em negativo.


Erguido e só,
o vigário consome-se
até a Terra devorar-lhe
os pés redondos;
- ela deglute a esfera,
para horas depois devolve-la -
deus-do-outono se agrada;
outono corre paralisado
em derredor;
as folhas paridas das árvores
caem ao solo para perdição;
as folhas são a neve/a neve é rubra,
as copas secas são mãos,
e todas variedades de amarelo
cansam a visão.


Os morros serão os mesmos
- sempre são os mesmos -,
mesmo quando as cores opacas
ameaçam seu brilho secreto


Toca-me/com suas mãos mornas
divirto(me) quando Hermes enfim
vira a ampulheta


Outono!
...Morno...
Que venha a seu sucessor!



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