É difícil,quase impossível sentir-se em paz,quando o "possêidon" interno fica a remexer seu tridente,provocando mil maremotos...Ora,nunca achei que iria admitir isso de forma racional mas,caso de fato nós herdamos certas características peculiares á nossos pais,valha-me pai,por ter-me dado um pouco de fúria. ...Bem,na realidade meu pai passou longe,salvo um ou outro espasmo de humanidade e paternidade contemporânea,de ser um exemplo,um referêncial de (H)omem dentro de minha psiquê brumosa.Ele 'steve em tempo quase integral,entregue á árdua tarefa de servir como "baliza",como exemplo a NÃO ser seguido(há!há!).
Homens,homem,gênero masculino...;a bem da verdade,admiro 'té certo ponto,nossos ombros e tórax,espumosos de prepotência,sustentado por nossas panturrilhas cheias de miasmas.Nossas asas incólumes mas pétreas,ôh se admiro!Entrego-me de corpo e alma,mesmo que nem um,nem outra estejão lá essas coisas,a uma tarefa tão árdua quanto a de meu pai:ter um pouquinho de senso de imersão,pra compensar essa arrogãncia venenosa que me esfaqueia internamente.
Ok,ok!Devo admitir,é minha função de (H)omem admitir que,se ando meio perdido,foi porque eu mesmo procurei essa trilha.Agüente as conseqüências,afinal de contas,você é um (h)omem.
EU,minha pessoa,Lucas de Jesus Santana,escolhi ceder ás dúvidas mil que percrustam a (in)existência;mas sabe,'té me conformo certo ponto:pense comigo:matematicamente falando,ou,em termos de física,tudo já está meio que definido.Teve aquele Reformista francês também,que deu origem á Presbiteriana,quem era mesmo?...A sim!:Calvino.Calvino,apesar de leigo,elaborou tratados de teologia,e com base bíblica,afirmou a predestinação também!Foi um "touché" da espada cruelenta do destino,em meu coração já cansado e taquicárdico;diz:não é necessário sofrer,tudo já está escrito,é seu destino.É a vontade de (d)eus em minha vida.Minúsculo?Sim,minúsculo.(D)eus,não deve ser um caixa-eletrônico,como nessasigrejas neo-pentecostais á lá Universal que dizem coisas do tipo:"Deus,eu quero uma casa,você tem que me provar que Você é Deus!Dê-me a casa!".Há!Há!Filhotes!Deus não é o Pânico,e tão pouco nós,o "Zina".No entanto,não creio que (E)le tenhá-nos posto dentro d'uma treliça inflexível,composta pelo mais poderoso metal,intransponível seja pelo corpo,pela alma,ou pelo espírito.Aliás,se fomos parar para pensar bem,já somos claustrofóbicos o sulficiente,mas isso,explicarei mais demoradamente nos parágrafos seguintes...
Ah!É!Tem o fato de escrever (D)eus,e não Deus...
Fiquei meio revoltado hoje,admito.Passei num sebo,que fica próximo ao metrô Artur Alvim;fui ver se tinha alguma National Geographic á venda;curto demais a revista,e as fotos publicadas nela...Eis que vejo uma Istoé...A manchete era simples.Não era para reverberar-me todo por dentro mas,nas condições etereamente sanguinolentas nas quais m'espírito encontra-se ultimamente aquilo,tirou possêidon do trono,e a fúria tomou-me conta...
" É cada vez maior o número de pessoas que vivem sós. Mas isso não significa necessariamente sofrimento. Conheça os segredos dos solitários que são felizes".
Claro,minha mente pequena,meu pouco senso de individual,aliados com meu pretenso sentimento de superioridade e uma ingenuidade idiota de bastardo,não poderiam deixar de sentirem-se ofendidos com isso.Na realidade,não há ofensa,ninguém é obrigado a se relacionar com ninguém;e estar com alguém,não significa felicidade,seja lá o que esse substantivo pentassílabo signifique no plano concreto.
Ficar sozinho é bom,se conhecer é bom,no entanto,nada que é bom,até onde tenha aprendido,é destituído de seus possíveis males...
Certa vez no ano passado,tive um breve envolvimento com uma mulher;tentei conversar com ela,para estabelecermos algo,e ela redargüiu-me,com um estranho "Deus deve amar muito as pessoas simples". ...Você tinha total razão;enxergo o sentido de suas palavras agora.
Seres humanos,vivem em sociedade;aprendem o necessário em sociedade;já pararam para ver,o quanto é aberrante o adjetivo "anti-social"?Somos os únicos animais que optam pela solidão,pela "reclusão"(entre aspas,pois nunca estamos de fato "reclusos",só em casos particulares);de toda a natureza,somos um dos raríssimos exemplares,que necessitam de cuidados maternos por durante pelo menos,uns 10% de nossa (in)existência.Até no mito original da Criação,o homem participa com Deus(dessa vez sem parênteses),como um aprendiz,um parceiro,auxiliar.Ele nomeia os animais,o que indica certa familiaridade,certo convivio com eles.Mesmo antes do advento do gênero feminino na raça humana,ao que me parece,o homem NUNCA foi uma criatura de comportamentos solitários e obtusos,tais como o são alguns tipos de tubarões,por exemplo.
Claro,não gosto de estar sozinho,quando isso se torna uma constante em minha vida.Isso foi decisivo para minha rebelião;mas aí entra a coisa da simplicidade:creio,que a solidão ajude,e muito,no processo de "complicação" d'um ser humano,ao passo que uma "coletivação",pode vir a instaurar o altruísmo real,e uma empatia semi-mediunica.Digo não só por mim,mas por outras pessoas que vejo,com as quais convivi,sobre as quais eu li.Acho,que uma vida,ou melhor,construir um patrimônio sentimental,é tão necessário para a saúde mental e espiritual d'uma pessoa,quanto o é,construir um patrimônio material.
As pessoas densas,a exemplo de mim:ora,a arte atiça,a arte lhe colhe,mas,se você não tiver muito espaço vago dentro de si,muita "mata virgem",ela não vai fincar raízes tão profundas...Entre os 15/16 anos,vi-me transformado num ser,que ao invés de viver a vida,interpretava,tentava compreender a vida....Amigos!Qual é a conseqüência da pretensa absorção de conhecimento,da apropriação precoce talvez,de problemas de difícil resolução,que não a infelicidade essencial,o estado de angústia,de conflito?...Mas,se nessa mesma faixa etária,eu estivesse criando uma base afetiva,seria tão angústiado?Não,creio que não;talvez até seria,mas não nas proporções atuais.Dependo dos outros?Claro.Fala-me alguém que não dependa.Cego é aquele que declara-se prepotente,capaz de realizar feitos sozinho(a).No mínimo 50% de tudo depende do condições "externas".É com base no conhecimento,não a priori,mas ali,no concreto mesmo,empírico,que podemos começar a pensar numa maturidade afetiva,que é decisiva nas nossas idéias,na maturação de nosso ser,e biologicamente,na criação d'uma descendência.
Fico me perguntando...;Sabe,sendo bem sincero,acho o substantivo felicidade,bem vago.Ele propõe um estado de permanência,mas só pedras,ou coisas inanimadas,podem ter essa permanência,imune á curva do tempo. ...Fico triste,fico me perguntando,como pode,nós,o gênero humano,aceitar-mos de peito aberto essa tal solidão?Não há condição mais solitária que a nossa:
os jovens inconseqüentes,asteiam suas flâmulas vermelhas ao vento,gritanto:"liberdade!Liberdade!";os políticos de merda,dizem em seus vanilóquios:"Somos á favor da democracia,cada um é livre,para fazer o que quiser".Livres o c******!Estamos aqui,debaixo desse bucólico céu tingido de azul-calcinha,achando que podemos ir além dele;salvo uma centena,meia-centena de privilegiados,todos os outros 5 bilhões,e sabe-se lá o quanto,estão aqui,nessa massa de terra e água,a mercê d'um universo pretensamente conhecido por nossas leis matemáticas;há planetas,muitos outros: - Veja!Há um que é vermelho como o sangue no qual nos afogamos;outro é quente como o inferno que nos aguarda;há aquele,com anéis também:árido,como a alma dos intolerantes...;Aqui também não há muito consolo:para travarmos nossos diálogos com nossa mãe Gaia,temos a prolífica companhia dos chimpanzés,e seu QI de criança de jardim,e os intelectuais golfinhos,e sua avançadíssima idade mental d'uma criança de seis anos... .O ser humano,já é muito só.Sempre esteve só.Precisamos usarmos-nos como objetos vendáveis,para manter um status de "solitários felizes curtidores"?"Aproveitadores da vida,intensos"?Rá!Rá!Com essa tal intensidade,que pode-se traduzir em sexo á vontade e gratuito,tudo o que fazemos é estuprar a vida,e marcar a pele etérea da alma,com as farpas incômodas da culpa.Isso não é ser intenso!
Claro que esse é um grito!É O GRITO DESSA P**** DE ANGÚSTIA QUE TRESPASSA O ÉTER QUE COMPÕE O ESPÍRITO,COMO UMA FACA DE AÇOUGUEIRO,NAS MÃOS D'UM SERIAL KILLER EXPERIENTE.É uma dor muito grande,por ver tudo ao redor,todos ao redor,puxando o gatilho e,ao me olhar no ESPELHO,vejo que possuo ACOPLADA á minha mão,uma ARMA também.
Claro,claro...Sempre falo em clareza:quando se premanece muito tempo no escuro,a luz é algo que fascina,então entoa-se,quase que como um mantra:"claro,claro"...
Fique mais uma vez claro:não sou moralista.Aliás,sou flexível como a água que rodeia o navio da ilutração
Falando da humanidade,não poderia deixar de falar de mim também:
Me sinto muito só.Me sinto lânguido,fragílimo.
Tentei bancar o Odisseu,renunciei,ou renunciaram por mim,tudo que tinha como alicerce:Deus,família,amores,sonhos...Somente esses últimos,sobraram-me como subsídio (in)existêncial,após a inconclusão de meus desejos suicidas.Acreditam que,dentro de mim,chegava a contrapor os sonhos com a falta de perspectiva,para que dessa reação,pudesse (re)existir?Cheguei a escrever uma nota de minha auto-morte.
Sou (H)omem,devo conviver heróica e estóicamente com toda espécie de sofrimento e privação;não posso sentir-me carente,nem querer receber flores ou presentes,afinal de contas,eu sou um mísero (h)omem,e como (H)omem,os miasmas de minhas panturrilhas não me permitem tais conveções tipicamente femininas.Além de (H)omem,no contexto de gênero masculino,sou (h)omem,no conceito(in)existêncial,portanto,(solitário).
Eis o que fiz,continuando acerca dos abandonos em relação aos alicerces:lancei-me no mar das dúvidas,do sentido,da interpretação da alma humana.Sou de tendência egoísta,creio,apesar de Jung ter-me dito que sou "INFJ",O Conselheiro:menos de 1% da população.Poderia ser mais dócil e dedicado com meus entes queridos,mas a pretensão fala-me mais alto:prefiro o plano da "imersão".Mas mesmo neste campo,demonstro-me inábil:imergindo n'algo,o único recurso passível de correspondência no plano da lingüística fonética,é a poesia,o verso,e o cântico.Nesses recursos,meus versos demonstram-se como sendo tão-somente um emaranhado caótico e confuso,de palavras com sabores contrastantes,que anulam-se mutuamente,como se fossem +1 vs. -1 .
Lancei-me nesse mar,perdi-me e,não deveria fazê-lo,afinal sou (H)omem;mas,mesmo as conveções do gênero masculino,opondo-se dentro de mim,com a já caracterísctica violência,clamo:PRECISO de ajuda...Realmente preciso.Lancei-me em alto mar,sem bússola,sem astrolábio,para que talvez,como fruto disso,ganhasse músculos espirituais mais robustos,e tivesse um pouco de histórias e estórias,para compartilhar,...Com alguém denso também,pra que eu não me sinta tão desolado. ...Sei que parece fraqueza,mas sozinho é muito,muito difícil...,E tenho medo de que,uma vez retornando á terra firme só,sem auxílio,ou companhia,meu coração,meus sonhos,hão de metamorfosear-se n'algo duro e áspero,e sólido como uma pedra,ou uma cebola...;Caso isso ocorra,não vale á pena.Nada.
A ironia é que ouvi falar,que da cebola faz-se um tipo de açúcar.
Não entendo muita coisa,apesar de ser cínico e pretensioso:na infância,assisti muitos filmes sobre índios.Se alguém for parar para observar bem,sou absurdamente orgânico,basta parar um pouco para ver.Pois bem,em 1854,o chefe Seattle,mandou uma carta ao presidente dos Estados Unidos,por conta do desejo desse,em comprar as terras daquele.E ele afirma na carta: "quando você homem branco cospe não chão,cospe em si mesmo,pois a terra é cinza de nossos antepassados;quando você corrompe o ar,e tal como um moribundo,não sente o odor fétido de suas cidades,tão acostumados com ele estão,vocês corrompem o ar que deu o primeiro respiro,ao primeiro homem;o rio é nosso irmão,e nosso Deus,é o mesmo Deus,e Ele vê,como vocês sufocam suas camas com seus desejos"...
Sou um tolo,cheio desses filmes de índios...Mas,por ver a nós,tão sós,não é possível deixar de ver,sob minha óptica, o rio como nosso irmão;como o Grande Espírito não é Deus?Como Deus,que nos deixou aqui,sós,sabe-se lá o porquê,pode caber dentro d'um livro?Posso com o tempo,ver que 'stou equivocado mas,se cada descoberta quântica falhada,se cada cálculo matemático terminado em um número irracional,podem vir a demonstrar que Deus,de fato existe,como;como ele pode caber num livro de capa preta?Não sou nem um pouco ortodoxo,e não gosto muito de Calvino,mas como ele cabe num livro?Isso realmente soa estranho para mim.No entanto,ele disse:"amai-vos uns aos outros,como Eu vos amei","benditos sois,pacificadores,mansos,puros de coração'...Como meu amor por Ele,e por tudo que vive,não transcede isso,á tal ponto,que parece que Ele desaparece,tão assimilado 'Stá?
Me culpo por não ser perfeito,da forma como a prendi a associar á imagem d'uma Deidade;me culpo por não ser um irmão melhor;por não ter sido um filho melhor para minha mãe santa;por não ter sido...O mais coletivo possível...
Ao que me parece,existindo ou não vida fora da terra,estamos aqui,e só podemos contar uns com os outros,ao menos por hora,caso hajam outros,e devemos expressar nossa piedade,nosso amor,nosso desejo de construir,independente das amarras do destino de Calvino.É nisso que creio.Não sei se isso é ser cristão,pagão,ou seja lá o que for,mas,ouvi num filme bobo,que guardar para si um amor verdadeiro,é o caminho mais curto para a infelicidade,e não acho que isso vá contra o que Deus,ou o Grande Espírito queira de nós.
Para ser sincero,minha fé reduziu-se.E muito.Tenho muita esperança,mas fé...;mas sinto falta dos tempos de Assembléia de Deus,e o que aconteceu,é que eu,nesse alto mar que é minha cabeça,meu espírito,encontrei uma pessoa que saciou minha sede;vi alguém,que não era um "espelho",ou só mais uma pessoa,que,por mais simples que seja,por mais sincera,por mais que Deus a ame,ela não sabe o que é o oceano.Você,Deusa da Caça(significado original de seu nome),mesmo sendo parecida comigo,em tantos aspectos,tem paixões diferentes,medos diferentes,abstrações diferentes;e isso me aqueceu...E eu sentia frio,fazia muito,muito tempo...
A proeminência de um homem,é os braços talhados,os ombros largos,que são legado de nossos ancestrais esgarçadores de carne...Na mulher,a proeminência se dá na forma de curvas,que nos acalmam com seu alimento,que guardam a vida...Como achar a vida solitária melhor que isso?Apartado de nossa condição coletiva,do compartilhamento do espírito?Se estou equivocado nesse ponto...Ainda tenho que entender muita coisa.
Talvez,se algum dia me tornar obtuso,de coração pétreo,compreenda esses gostos amargos,e os aprecie-os com certa lerdeza até.No entanto,enquanto a chama brandamente cálida de meus sonhos,aquecerem-me,porei esses braços cansados,quase convulsionantes contra a maré.E assim há de ser.
Abraços á todos.