quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

2009 vai,2010 vem


Não se trata nem de uma questão de ser ou não ano novo;creio que a maior parte das perspectivas que se cria num ano,deve ter como foco,não esse período arbitrário de 365 dias,mas antes,a "fase" na qual nos encontramos,caiba ela ou não,no âmbito do ano.Comecei 2009 trabalhando literalmente:consegui um bico numa loja 24hs,e fiz "extra" lá na noite de revéillon.Isso foi um indício para mostrar o que vinha pela frente: muito trabalho,agitação,desafios,como havia tempo não enfrentava.Fiquei feliz por esse ano,porque já há um bocado de tempo,as páginas de minha vida andavam sendo tingidas de negro.Eu estava caminhando para minha destruição.Estava.Ainda no comecinho pensava em coisas tolas,tipo suicídio e "vou me matar de trabalhar pra ficar rico e avarento".Tudo começou a mudar quando parei um dia,inocentemente,e comecei a fazer um retrospecto dos anos predecessores,de 2008 pra trás.Peguei minha caderneta de contabilidade(acreditem,eu fazia minha contabilidade até uns meses atrás...),nas últimas folhas,e comecei enumerando.Não aguentei chegar á 2006...;cheguei á conclusão de que desde um bom tempo,não estava vivendo,mas sim sobrevivendo,fugindo de mim,dos outros,das responsabilidades,e dizendo pra mim que estava tudo bem.Não,não estava.E isso ficou evidente quando tive um estado de choque por conta de uma decepção profissional.Decidi: vou namorar!Vou viver!E pra isso,deixei meu emprego antigo pra ficar em um só -pois tinha dois-,comecei a fazer oficina cultural e aula de música;duas coisas que tinha deixado pra trás,que me faziam muito bem.O resto foi consequência dessas duas coisas,e algo a mais.Mas valeu,e está valendo ainda.Em abril desse ano que se encerra,quando decidi isso,iniciou-se um ciclo importante e inevitável na vida de qualquer um: a construção,a reengenharia.É no fim da adolescência,essa fase tão conturbada que acaba aos 24 mais ou menos,que enfim cada um tem tempo de fazer suas últimas modificações pra fase adulta.A partir daí,ter-se-á uma idéia de como seremos e lidaremos com a vida,seja profissional,social,afetiva,com os filhos... .Não que não possamos mudar após -claro que podemos;mas aí,quanto mais o tempo passa,quanto mais adiamos,mais difícil fica mudar.Mais duros ficamos,e ficamos mais próximos da morte também.A vida cobra a sério mesmo.E tentarei melhorar e corrigir meus erros o quanto possível durante essa fase -e parando pra pensar bem,mesmo com os sofrimentos inertes á vida,e principalmente á adolescência e ao fato de ser altamente emocional,sabe de uma coisa? Até que sou feliz!Não sei classificar bem isso,mas quando imagino-me com 40 anos,olhando para mim hoje,projetando isso,posso afirmar isso;uma paz enorme invade meu coração,e penso que deveria ser mais calmo.Uma hora eu consigo.

Seis fatos,eventos,adventos de 2009:
  • Aula de música(nunca me imaginei tocando viola!)

  • Até que fim,achei um perfume pra mim,que de fato gostasse: Avon Class Act

  • Meu blog

  • Me tornei mais coração-mole(é uma vitória pra quem achava que iria se tornar amargo)

  • Meu emprego novo,na Save Seguros & Corretora

  • a Dayane.Devo-a muito: ao longo desse ano,você foi motivo para muitos de meus devaneios,risos,risadas,esforços,e por algumas lágrimas também.É uma homenagem,tente ver com leveza:você acalmou em mim,algumas feridas que estavam abertas havia muito tempo,e acho que no devido tempo,isso irá lhe despertar alguma calma de espírito...Não há como pagar sua participação aqui.Obrigado por ter adentrado aqui.Adoro-te.
  • Ninguém que me conhecia,achava-me muito eclético logo de cara,mas sempre ouvi umas músicas variadas;pois é,não é que fiquei mais eclético ainda?(também é culpa sua,Dayane)

Metas principais para 2010:

  • Terminar o ensino médio,né?Já passou da hora!

  • Escrever mais,mais,mais;ler mais,mais,mais;mais exposições,mais museus!

  • Aprender a andar de bicicleta(Ei!porque a risada?!!)

  • Ser um irmão melhor,e pagar a grana preta que devo pra você Lidia.Apesar de meu coração ter ficado meio "duro" pra demonstrar o quanto eu a amo,saiba que você é talvez,a pessoa mais essencial em minha vida,mesmo estando num caminho meio diverso do seu,no qual só nos topamos nos cruzamentos.Amo-a muito.

  • Bem,se 2009 foi o ano da emoção á flor da pele,nesse devo e tenho que ficar mais tranquilinho.Ao longo de 21 anos,de 1988 á 2009,já fui apático,frio,desesperado como uma mulher neurótica aos 30,pessimista,otimista,calmo de mais,agressivo,e nem lá nem cá.E em 2009 consegui ser quase tudo isso elevado ao quadrado também.Visto minha idade,agora é hora de amadurecer um pouquinho e ficar mais calmo.Mas que viver á mil foi bom;ôh se foi!Garanto que quando ficar velho vou dar muita risada dessa época!E as pessoas que estiveram e estarão também.

  • Juntar um dinheirinho.Quero casar e ter uma casa daqui alguns anos,e quem sabe,ir pra europa.

  • Cuidar melhor ainda do coração,da psique,do espírito,do corpo.
  • Por ser essa uma época de construção,cheguei á conclusão(á contragosto,é verdade),que nem tudo pode ser na hora que eu quero.É egoísmo demais.Esperar faz parte,e é necessário no processo de crescimento.Esperei 21 anos pra me dar conta disso.Posso esperar mais.E mais importante que isso:aprendi que liberdade,não é só ser livre pra sair pra onde quiser,fazer o que quiser,ficar com quem quiser:esperar,aguardar,também é exercitar a liberdade.Descobri que sou livre pra esperar,e que isso é prazeroso também.Esse ano,quero e vou,ser mais livre ainda.

  • Por fim,mas até mais importante que os demais: a cada dia,quero me tornar um ser humano melhor,e desejo isso á meus entes queridos também.

É isso aí.Boas festas,ótimo ano,entrar de ano,e que nossas esperanças só cresçam,e junto com elas,os músculos necessários para colher os frutos.Um 2010 ainda melhor e mais marcante.Abraço á todos.



As coisas são poéticas,muito poéticas

tão poéticas,que às vezes pensamos

que são tragédias,

mas não passam

de comédias espalhafatosas

em trajes de gala,

que brincam com nossos sentimentos

usando máscaras.

Máscaras mil

que nos confudem,

deixando-nos tacirturnos

como lobos.

Mas O Anjo sabe:

são só trajes,

são só máscaras,

são só roupas.

Se souberes desse segredo,

suas infelicidades

serão poucas.
*Extraído de minha agenda 2008.É de 28/03/2008

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Se estivéssemos na 4ª série


Claro que tudo iria ser mais fácil,se tivesse conhecido-a em 1997 ou 98.Bem,fiquei imaginando,o que eu escreveria pra ela,se eu a tivesse conhecido com 10 anos de idade,e estivéssemos na mesma escola,rs.Espero que ela não ache ruim... .O resultado é esse:


"Ela é ruiva,

e meio magrinha;

e tenho vontade de chamá-la de "baby",

"oh,yeah!"

Parece uma princesa boba

de algum reino distante...

E perdidinha da silva,bem aqui no Brasil;

A pele dela é fofinha como algodão,

e quando minhas narinas sentem o cheiro dela...

Ah!Como não?!

É claro que é paixão!^^


Ela é estabanada,

ele mais ainda;

ela é meio confusa,

ele também,

mas amam como ninguém.


Ela é um anjo que caiu do céu,

tem nome de deusa,

e disse uma vez que não precisa de proteção;

no meio dessa poesia sem sentido,única certeza:

ela balança meu coração."
O vídeo a seguir,é de um dos jazzista que mais gosto:Chet Baker - "I Fall In Love Too Easily".Abraço á todos!

Estréia - Parte III e última


Sempre uso o termo melancolia,na acepção da qual me apropriei da filósofa Márcia Tiburi(café filosófico).É,muitas coisas de minha mitologia pessoal são colagens.Ela afirmou,ao fazer referência á Dostoievski,que a melancolia se trata "de um estado simultâneo de tristeza e alegria;advém da busca eterna pelo riso,da sede de viver,em contraste com a consciência do efêmero;de que o riso,uma hora passará".Em termos bem resumidos,óbvio.Mas fora isso,acho que um traço muito característico meu,é a perplexidade - mais conhecida como "hein?!"- .Com freqüência reajo assim,quando não consigo absorver de imediato uma situação.É,por mais inteligente que me ache,sou simplesmente incapaz de "decompor" certos estados de meu espírito,de outros,e se pudesse passar tudo em matemática,minhas interpretações do mundo,seriam sempre aqueles numerozinhos pentelhos,tipo "Pis",dízimas periódicas,e outros números irracionais sem fim...,Ou talvez nem conseguisse transferir em número algum:todas minhas dúvidas,ficariam amarradas naquela colossal letra em forma de cruz: o "X".

Mas,o que reafirmo aqui,é o não estado essencial de tristeza em minha alma.Sou antes aquele que calcula,e não resolve coisa alguma(rs).Apenas fico meio contemplativo ante a quantidade de informação da existência.E isso gera alguns mal-entendidos;é como se no fundo,ainda tivesse 10 anos,quisesse passar um bocado de tempo atrás de um telescópio,e só estivesse esperando minha Marilyn Monroe pra enviar todos esses problemas ao inferno,e ir passear com ela.

Enquanto isso,fico á olhar pro céu,pra luz branda das estrelas,e tentar ver quantas constelações consigo ver,a intensidade de seus brilhos,e tal.

Numa noite,em 17 de dezembro de 1998,estava sentando na muretinha amarela que separava meu quintal do corredor;e á um metro e meio,da cerca viva da casa da vizinha Neide;nessa noite,enquanto olhava para o céu,com um azul denso e imponente,e com um ar seco mas fresco e estático ao redor de meu corpo,fiz uma promessa pra mim mesmo.Lembro muito bem disso,lembro mesmo.Menos do que prometi. ...Pensando bem,acho que sou um pouquinho triste mesmo.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Sobre ser pai: breve história de Nina




No lugar onde faço aula de música,só há mulheres na faixa dos 14 aos 17 anos.O único homem sou eu;já houveram outros,no entanto o único que nunca agiu de forma mais reservada e protegida,fui eu.Todas conversam comigo,brincam,o que acho uma honra:faz idéia de como é difícil conquistar a simpatia geral?É muito,muito difícil;ora!Nem Cristo e Buda agradaram á todos,que dirá eu!Mas acho que justamente por ser sempre brincalhão(beirando a patetice),e o único homem,é que todas nutrem certa simpatia para comigo;acho que de alguma forma e para alguma coisa,acabo funcionando como uma substância de aglutinação por lá;o que é muito,muito legal.Uma delas me chama até de pai!

Irei deter-me na história dessa.

Ela tem 14 anos e,coisa bem difícil na idade dela,ainda mais nos dias de hoje:ela preserva muita coisa de criança.Ela não fica fingindo que tem peito,ou saindo por aí mostrando que tem bunda;também não banca a durona,ou "a" mulher - ela é o que é apenas.

Quando entrou no projeto de música,já no segundo ou terceiro dia,ela me parou na sala de instrumentos,e perguntou "- Quer ser meu pai?" (!) .Detive-me uns segundos;nunca esperei por uma pergunta assim.Em seguida,quando o tempo voltou a correr,disse que sim,e ela me deu um abraço e um beijo na bochecha.

...Depois de uns meses,fiquei meio irritado com ela:ela grudava muito!,Aí a chefe de meu novo serviço,que também é ligada ao projeto,me contou a história da Nina(um dos apelidos dela).:

A Nina vive com a mãe,a meia-irmã e o padastro.A meia-irmã é cheia de regalias,principalmente por ser novinha(na faixa dos nove),e filha do padastro;ela acaba sendo deixada meio que de lado,ainda mais agora:quem não se lembra de como os 14 anos trazem conflitos?Pois é,ela então...;Mas a Nina tem um motor: o pai biológico;a mãe não quer contar nada sobre ele - imagine ver seu irmão humilhando você,ostentando um pai que dá suporte,que poderia dar o mundo,enquanto você não dispõe de alguém que exerça esse papel!...E logo no começo da adolescência!

O sonho de Nina,é que daqui alguns anos,ela saia de casa e vá encontrar o pai,que a mãe nega dizer onde está.

...Claro que talvez o pai da Nina não seja dos melhores homens,ou talvez esteja morto;mas o importante é que parei de ficar irritado com ela: a Nina precisa de um pai;sentir algo ou alguém que pelo menos carregue esse nome pra ela...E em pensar que eu não havia sacado isso antes!

Ora!Minha falsa modéstia sempre fez questão de,polidamente soltar um "-Não,imagina",quando as pessoas diziam: "você é maduro","você é inteligente";quando na verdade,aquele demoniozinho do orgulho,estava á soltar fogos de artifício por dentro!

Oh!Sr. Maduro,eis uma pessoa que,de fato,necessita de seus serviços,e você á ficar melindrado com ela,sem saber antes o por quê dela grudar tanto,sem saber a origem disso!

A Nina é um tipo raro:fala palavrão,fala besteira,ouve rock,anda com garotos;mas está impresso nos olhos e no sorriso espontâneo,o quão ingênua e pura ela é.Talvez minhas filhas não sejam assim.

Depois que compreendi: uma vida sem um pai pra dar à ela um abraço,uma bronca,é comparável à perder as pernas e querer flutuar -não dá-.Ela brinca com todos,abraça todos;às vezes passa dos limites,mas ela merece cuidado;e lá na aula de música,rodeada de amigas,tendo boas refeições e contando com a compreensão dos professores,ela supre a carência que,se fosse depender dos pai,ia ficar pra escanteio mesmo...

Na escola ela não vai tão bem,sente dificuldades em matemática e geografia,mas esbanja inteligência em outro campo,tão importante quanto: ela é afetivamente inteligente -se falta afeto em casa,vai pra escola,se falta lá,vai pra aula de música,ela não passa fome disso.Não tem medo de se magoar,aliás,nem demonstra cogitar isso.É o tipo do qual sempre poderá se arrancar um sorriso bonachão;imagino ela aos 40,meio obesa talvez: terá um sorriso já não tão "escancarado" mas,quando a boca desenha um "parênteses",imagino que o rosto inteiro,nariz,olhos,testa,emanarão uma alegria bem sincera - profunda até,quem sabe.Acho que ela nunca será amarga,não de verdade,de forma pré-meditada;já deparei-me com pessoas parecidas com ela,já fui ajudado por gente assim;não tenho muita experiência de vida,mas acho que ela será assim.

Eu também sou adolescente apesar de tudo,mas hoje eu tento encarar a Nina como se fosse algo próximo de uma filha mesmo.

"- Se eu tivesse uma filha dessa idade,como me comportaria?"

É isso que fico pensando.

Se ano que vem ela ou eu continuar por lá,vou tentar ser algo como um pai pra ela.

RS...Ela vive me perguntando sobre quem é a mãe dela,e como resposta,brinco dizendo que assim como um cavalo-marinho,fiquei grávido e aos nove meses fiz cesárea,rs ^^ .Ela abre o característico sorriso metálico,me abraça de novo,outro beijo na bochecha,e aí sinto que está tudo bem.

...Só espero que o pai verdadeiro dela seja legal,pelo menos mais agradável que aquilo que o padastro e a mãe parecem ser...

Várias vezes achei que esse mundo é uma porcaria,mas quando vejo um caso assim,penso que realmente vale á pena se desgastar por aqui \°/

Ser pai deve ser muito legal:fico lembrando daquelas crianças que puxam o saco do pai,e saem por aí balançando os bracinhos dizendo: "Mamãe é chata!";Quantas crianças não vi dizendo e fazendo isso?,Nesse momento me pego com um sorriso bobo,perdido num monte de devaneios azuis-claro e com cheiro de laranja: em um dia claro,quente e ensolarado,com meus filhos,e talvez um deles sentado em meus ombros,passeando comigo e com minha esposa nas sombras das árvores.Quando ele ou ela disser que "o papai é um herói",vou mostrar a língua á minha esposa,em seguida uma piscadela acompanhada de um "Viu?Ela adora o papai.PA-PAI."Rs...Vou mostrar a língua pra ela,e daremos umas boas risadas juntos.

Parando pra pensar bem,o pai da Nina,se a deixou foi um besta;sorte tenho eu hoje de bancar,ainda que de mentirinha esse papel.

Um amigo de trabalho meu perdeu o pai muito cedo;a única lembranças que ele tem,é de estar entre os braços paternos,e puxar o nariz de palhaço que o pai estava vestindo...

...Uma mãe excepcional,você encontra:mulheres são naturalmente maravilhosas.Mas um Homem que,jogando por terra sua natureza reservada e beligerante,se torne tão sensível quanto uma,não é menos que herói.

No livro "Extremamente Alto & Incrivelmente Perto",de Jonathan Safran Foer,a morte do pai é um evento que deixa um vazio tão grande,que o garotinho Oskar não consegue conjugar a ausência dele.

A profª de violino de minha irmã,disse que nós nos tornamos aquilo que não tivemos.Meu pai teve os momentos dele;tocava violão,cantava músicas e brincava com nós;sabiamente inseriu bichinhos em nossas vidas: gatos,coelhos,porquinhos-da-Índia,peixes,pássaros;nos ensinou a amar a natureza,e criou uma ligação,ao menos em mim,com meus ancestrais indígenas.Mas ele poderia ter sido menos pétreo com a esposa.Se ele tivesse sido com a esposa,o mesmo que com minha irmã e eu,as coisas teriam sido melhores.Por mais amor que venha a ter por meus filhos,nada me tira da cabeça,que eles devem ser uma conseqüêcia direta da dedicação que tenho por minha companheira.Eles coroam a nossa relação.

Não posso viver pra sempre,o único jeito de ser eterno de alguma forma,é legar filhos,netos,bisnetos,descendentes;de alguma forma estarei vivo com eles para sempre,como a luz de uma estrela,ainda que esteja morto.Eles me testemunharão quando for embora.

Concluindo a sentença da amiga de minha irmã,creio com um pouco de esperança que,justamente por não ter tido o melhor dos pais,é que talvez eu acabe por ser um pai melhor,como ela assinalou.

Devo agradecer à Nina por fim;não fosse ela,essas reflexões não estariam acontecendo...

Deixo uma música com letra,que fala tudo sobre paternidade.

Abraço à todos.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009


Po muito tempo,estive preso;aliás,quase totalidade de meus dias.Hoje,me deparei no escritório,pesquisando coisas na internet,como sempre faço:músicas,fotos,fotografia,geometria fractal,cursos de idioma... Uma hora,estava procurando,sem no entanto saber o que procurava.Então achei.


Não sou tão negro,nem tão ferido,a ponto de faltar-me fé,ou coragem.Tenho todos os membros de meu corpo,respiro,ouço,vejo,e sou feliz e grato por isso.Não há mais diferenças entre meu doppelgänger,entre Aleph,ou eu mesmo,o Lucas.Somos um.Quero uma vida de verdade,e lutarei por ela.Vou derramar muito suor pelos meus sonhos,e quando isso me parecer indiferente,o suor vai me lembrar desses sonhos,e do quanto luto por eles.Vai demorar mais do que gostaria;todas estradas que levam para os caminhos que nosso coração deseja,são longas.E isso também é muito bom.Desejo uma vida de verdade,sonhos de verdade.Construirei-os.


Aleph,sairá da casa em que mora,e vai para a cidade.Não viverá mais só dentro de si.Não almejo ser o melhor em tudo,mas quem sabe,com uma piscadela do destino,e um pouco de força nos braços,isso não ocorra?


Hoje,eu começo a me reerguer.Esta é minha bandeira.


Eu a amo muito.Lídia,amigos,amigas:os amo muito também,provarei isso.


Abraço á todos.

"Memoirs"



Uma vez defronte com a galeria de meu passado,pasmo ante a solidez irrefutável dela,ante a glória romana e o vazio insignificante;uma vez feito isso,sente-se se você é um "Brás Cubas",ou um "Oskar Schell",ou um "Julien Sorel",ou um "Raskolnikov", ou um "Gregor Samsa".

...Por ocasião de fixar-se nas realizações não feitas,nos sonhos não sonhados,é inevitável que a tristeza não se aposse de ti;a tristeza torna-se uma bebida interessante,consoladora,que tinge as nossas fotografias com um colorido belo,mas trágico.As lágrimas se tornam a única água capaz de lavar nossa perversidade,nossa inércia,ainda que só tenhamos uma peça de roupa:nosso "eu".Ou essência,legado,memória,chamem do que quiserem;nossos eventos passados,ficam como uma foto em P&B.Ou colorida talvez,visto que a tendência quando se tem mais cores,é camuflar a essência,o significado ulterior da foto.

Uma vez,cheguei a conclusão de que se pessoas fossem como máquinas fotográficas,poderíamos associar certos estados de espírito com os efeitos que das câmeras advém:sépia,P&B,colorido,desfocado...

Pessoas tristes acho,que enxergam colorido.Isso porque a cor disfarça a apatia:nas fotos tipo "SinCity",a cor surge como uma espada que perfura sem dó,as tripas da suposta essência que o P&B faz questão de que você absorva.As pessoas comuns,ou bem alegres,mas de algum modo "simples" ou práticas(o que dá na mesma),também vêem colorido:corretores,vendedores,advogados...

O envelhecido ou sépia,pra mim pelo menos,revela uma certa grandiloqüência contida no evento - a glória disfarçada naquela cena;ou quando se trata de uma cena realmente grandiosa,é o orgulho que brilha tanto que talvez até machuque os olhos,e por causa disso,ele se disfarça de amarelo-fosco.

Em paralelos com música,é como a voz de Chet Baker que surge frágil(não fraca),em "I Fall in Love Too Easily";o violino solitário que no meio do caos e da lentidão,soergue-se solenemente todo-poderoso em "Turn Loose the Swans" do My Dying Bride;as notas delicadas,quase sussurradas,escorrendo pelas teclas do piano,como o orvalho matinal que escorre pelas faces das rosas,dos lírios ou das tulipas,nas Danças Norueguesas de Grieg,ou em algum Noturno de Chopin;ou a voz de Maria Rita,quando diz "qualquer coisa assim sobre você.../que explique a minha paz",em "Casa Pré-Fabricada".

Acho que sépia,é meu efeito fotográfico favorito,até mais que P&B,ou que cor sobressalente.No filme baseado em HQ "Watchmen",uma das heroínas,já decadente e "fora-de-linha" diz que,qualquer evento do passado,quando visto sob a luz do presente,é dotado d'um brilho descomunal.E que mesmo os pontos mais negros,possuem uma luz que o futuro incerto não tem.

Se essas cenas,essas vozes e cheiros;se a pele das pessoas,suas manias,se vissem como que por mágica transformadas em fotos,se o que estava acontecendo ali fosse poético,ou belo,ou descomunal,acredito piamente que seriam fotos envelhecidas,fotos sépia;dotadas d'uma significância tão grande,que nenhuma tecnologia ou efeito novo seria capaz de retirar-lhes a sensação de ar vesperal,que nos acalma no verão.
A história é algo que me fascina,o passado é algo que me fascina,e talvez por conta disso e das marcas que ele me imprimiu,é que eu queira me formar em história;sabia que matematicamente falando é possível ir até um ponto fixo no futuro?Nos anos 1950,um físico elaborou a teoria dos "Buracos de Minhoca",que consiste no seguinte:Num espaço completamente vazio(isto em termos de física:um vazio absoluto,que é quase impossível de se obter),cria-se uma lacuna na qual os grávitons(partículas que ajudam a controlar a curva do tempo),não exercem influência:o que aconteceria,é que agora,em 2009,poderíamos ter uma linha direta para 3015,por exemplo.Parece loucura,mas a teoria pode ser mostrar real:No Grande Colisor de Hádrons,que fica na Suíça,conseguiram criar o vácuo total,no entanto,ainda não temos tecnologia para criar um vácuo grande o sulficiente para comprovar a teoria.
...Mas notem,que não há como ir ao passado...Isso me deixa intrigado;e todas as fotos sépia,voltam a reluzer em minha galeria.

Talvez eu seja um indivíduo normal,que apenas viaja um pouco,se achando diferente;acontece que enquanto ando,falo com as pessoas,na minha mente se esvoaçam uma miríade de sensações e juízos: 'stou a conversar com a moça do caixa sobre o dia-a-dia,e vêm-me á cabeça os diálogos que tive com minha irmã,histórias fictícias que só aconteceram dentro de mim,fragmentos de livros,músicas inteiras,cheiros,fotos,filmes...Tudo quase que simultâneamente;acho que por isso passo a impressão de ser contemplativo.Isso sem falar que desde que comecei a fazer ioga,também fico prestando atenção nos meus pensamentos,se eles são ruins ou bons,se tenho consciência do que estou fazendo,ou se estou no "automático";presto atenção na minha respiração...

O que acho interessante,e tento descobrir nesse emaranhado tresloucado,é a mecânica de tudo isso;se alguém "vestisse" meus olhos,veria que pelas minhas lentes,os eventos atuais não surgem do nada.É como se,uma vez acontecendo algo especial,esse algo fosse uma folha na copa da árvore;o suporte para essa folha,são os ramos,que se ligam ao caule,que vai à raiz,que é o primeiro evento que marcou minha origem;aí nesse momento,imagino meu pai e minha mãe numa noite de amor;mas não é só:foram duas árvores que cruzaram as raízes,e aí começa tudo de novo só que de trás pra frente.

Acreditam que tive um sonho fantástico faz um ou dois meses,no qual eu caminhava(literalmente),até 1986?Mas eu nasci em 1988!Lembro-me no sonho,de que quando cruzei a avenida deserta,e subi um morrinho,rejuvenesci,voltei ao meu tamanho dos 4 ou 5 anos...Foi incrível.Vi meu pai,vi gente com quem nunca deparei-me na vida...Estou trabalhando nessa lembrança,pra que ela vire um pequeno conto talvez. ...Vocês sabem qual era a cor do céuzinho amanhecido de meu sonho,quando estava dando meus passos na rua rumo ao passado?Era um tom alaranjado;tal qual,uma foto em sépia... Cada ato de hoje,pode bem ser merecedor de se tornar uma lembrança bem bonita,algo digno de ser lembrado.Acho que minha lógica de aproveitar o hoje,e pensar no futuro é essa:tornarem os eventos,memoráveis. Amores memoráveis,textos memoráveis,dias memoráveis...Com alegria,mas com melancolia pra que seja humana também.Com paz,com luta...Isto veio do fundo de minha memória,do fundo de minha alma. Abraço á todos!
P.S.:Deixo aqui a música "From the Depth of Memories" do The 3rd and the Mortal.É linda,aproveitem.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009


Tempo!Chronos!
Onipresente,inócuo
Audaz!
Austero,hasteia incólume
Sua flâmula
Cinza-rubra severa,
Como a face triste das Nornas

Oh!Erro!Grande herói!
Viu-o nu,
Presenciou as feridas mágicas:
os segundos
os minutos
as horas
os dias
os anos;
Anos e anos a fio,até o fim
Que não tem fim

Admoeste-me deus-titã!
Crave em meu coração sua epígrafe
Afiada tal qual navalha

Como água irei permear essa senda;
Sendo água,perpetrarei o tórax esgarçado
De Adão;
Sendo raposa,serei água também,
E caminharei ‘té o ocaso,
Até que minhas patas virem gelo.


- Sendo gelo,irei até os Céus
cavalgando um Sleipnir,
á conversarei com Iavé,
E à Terra descerei novamente em queda
glória/inglória
Gritando meu código frágil-fractal

Crianças irão transformar-me em brinquedo;
Serei armadilha como o deus Bolverk
Serei benévolo
Serei belo
Serei nada
Serei planície
Serei montanha
Serei neve
Apenas neve,que tal qual a chuva
São as lágrimas que Deus asperge
Sobre a Terra


Monstro neve-raposa
(de)alcunha “Aleph”;
Oh!Pobre Aleph!
...Aleph...O que espera?
Tu dedilhas os cabelos compridos
De seus deuses,
Tu brincas de observar;
Querias ser Iavé
Querias ser o próprio pai-Chronos
...No entanto,apenas: “Aleph”;
Proveniente da terra da luz
...Aquele que surgiu da luz;

Aleph,aprendiz de Chronos:
Urdiu seus cachos para as mesmas Nornas
Aquelas que tecem o destino,
Lá fui,com permissão de Iavé.

Disse-me:
Sua barba crescerá;
As sombras incrustar-se-ão sob
A relva calma de suas íris;
Suas sobrancelhas tornar-se-ão
Castas;
Suas asas: frágeis,mas não fracas;
Seus braços serão como um rio;
Seja para bons,seja para maus;
Por fim,unir-se-á à Terra de novo;

Mas somente quando lho atingirem,
Até terem devorado cada pedaço de seu coração;
Até terem se aquecido na noite fria,com a última
De suas brasas;
Até levarem seus órgãos;
Até darem de presente ao ar e ao mar
Suas cinzas;
Até terem sedimentado-lhe
Entre as plumas das asas de muitos e muitos anjos;
Até terem vociferado suas injúrias e cuspido
Em sua imagem tal qual Cristo;
Até tornar-se nada
E sendo nada,será tudo
...........Tudo.


.......Tudo.......

domingo, 6 de dezembro de 2009

Do Fundo da Memória - I


Outrora,já tive os olhos tingidos com uma cor célebre como o translúcido.Faz entre seis,sete anos,2002/2003:simplesmente conseguia permanecer com o olhar fixo nos olhos de qualquer um;como que para ver os detalhes lá impressos,as portas abertas,a índole.Enfim,para dar-me conta do quão única era aquela pessoa á minha frente.

No entanto,nunca ganhamos uma batalha contra Cronos;no máximo,adiamos nossa derrota.

Deixando um pouco de lado o egotismo,e passando ao coletivismo,com essa "transparência óptica",é bem fácil notar os liames,as sombras e as luzes que permeiam nossas paisagens.Podem acusar-me de ingênuo,superficial,pretensioso,ou seja lá o que for mas,em última instância,para mim é impossível não achar a vida,o cotidiano, os eventos,dotados d'uma beleza quase metafísica.Indico isso mais por inferência,do que por realmente ter-me submergido a tal ponto nas relações comuns do dia-a-dia e,vivenciando-as gota-a-gota,que acabei por tornar-me capaz de ser sensível por completo á isso.Infelizmente não sou assim por inteiro.Apesar de ser muito "coração",maior parte do tempo,são as análises a priori,que ditam meus juízos.Joseph Conrad que era talentoso nisso:tendo iniciado a carreira literária já tarde,por volta dos 35/40 anos,ele se mostrava muito sensível ao cotidiano;aliás,no prefácio da obra "A Linha de Sombra",ele esclarece que não há nenhum elemento sobrenatural em seu livro(pois sem esse prefácio,seria fácil encontrar esse tipo de tema),e que apelar á isso,seria dizer que na vida ordinária,não há doses de drama e complexidade o sulficientes.Claro que há,concordo com ele,só não alcancei o mesmo nível ainda.Pode-se fazer obras tocantes,tendo apenas a realidade como mote.Aprecio,e muito a temática de natureza transcendental,espiritual;no entanto,ante ela tratar a existência concreta como mero esboço,é d'uma crueldade incrível.

Mas hoje,voltando ao olhar,é difícil imergir-me nas pessoas.Aquela solicitude do olhar,permitia que eu visse meus irmãos com inexpugnável imparcialidade,ainda que meio alegre-sinceramente alegre pela entrevista.Hoje,vejo que é um medo inconsciente de ser descoberto,de ter meus medos á mostra,que faz com que eu desvie os olhos,ainda que sem querer.

Acho que reflito bem o conflito entre permanecer,retornar á epígrafe de minha alma,e o presente,que mostra-me com o dedo indicador minhas limitações,e o caráter frágil do tempo.Fica impresso como se fosse um carimbo no cartão de visitas de meu olhar.

Mas ver poesia em tudo,beleza agradável em tudo,também constitui escapismo.

........................

...Ultimamente,não sei dizer ao certo...,Mas tenho notado com freqüência uma pontinha de amargura,ou melhor,apatia,nas pessoas.Seja no segurança que fica na porta do banco,ou na senhora crente,ou no garoto malandro.Parece que todo mundo anda meio "tanto faz,isso não é problema para que eu resolva".Não é surto;ninguém parece fazer muita questão do que vai acontecer consigo,para além daquilo estritamente comezinho,e isso me deixa bem triste,não por mim,mas pelas pessoas.Não precisamos ser uma nação formada por Abraham Lincolns,Einsteins,ou Gandhis;afinal aí já seria facismo,mas tenho a impressão de que entre os norte-americanos,por exemplo,essa "distribuição" de "tipos",de pessoas e de suas ambições,se dá de forma diversa e mais equilibrada que a nossa.Tenho conversado com gente que não tem instrução alguma,gente que só sonha,que só realiza,gente perversa,gente que acha que negócios e pessoas podem ser tratadas da mesma forma,visando lucros d'alguma natureza qualquer;mas poucos mostram fazer questão de construir,de forma consciente suas próprias vidas;poucos pré-visualizam os 35 anos,e o inevitável aviso da natureza:"amigo,amiga,vocês estão ficando velhos;há páginas que vocês não poderão escrever mais!".Não se trata de uma apologia á Dorian Grey.Ele é perverso.Mas acho que paciência e calma,não podem ser confundidos com apatia e inércia.

...Na real,só gostaria que meus esforços fossem capazes de causar eventos mais amplos do que aqueles que acabam reduzidos á pó no fim do dia ou da semana. ...Inevitável dizer,que mesmo o pó,acaba por ficar sedimentado na nossa psique.Uma hora ou outra,mais breve ou não,vêm á cabeça aqueles abraços partidos(*referência ao filme^^,quero muito assistir \°/ ),as broncas,as aulas,os professores,enfim,todo mundo.Em A Metamorfose,Gregor Samsa se lembrou,não sem uma pontinha de melancolia adocicada,d'uma mocinha a quem tentou cortejar,d'uma moldura muito bonita que ele mesmo fez...São coisinhas bem concretas,e acho que é disso que mais necessitamos:um abraço aqui,aquela fotinha acolá,para que alimentemos mais as árvores de nossa planície.Como o Pequeno Príncipe disse,sobre os recantos secretos e maravilhosos que há em cada um.

Minha luta,é para que as pessoas vejam esses recantos,passeiem por ele.De que elas tenham vontade,e não deixem que a chama simplesmente apague;ela pode enfraquecer,é natural enfraquecer,afinal de contas,somos seres finitos,mas será que é tão dolorido e angustiante assim alimentar suas realizações,seus sonhos?Bom,não sou o mais indicado á admoestar ninguém,mas meu ponto de vista por hora,é esse.

Desejo que todos(ainda que sei que isso é utopia),hasteiem suas bandeiras contra Chronos,ou melhor:façam do tempo um amigo jardineiro,que regue nossa planície.

Abraço á todos.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Estréia - Parte II


Na tv,assistia muita coisa...,Aliás,irei criar um post,dedicado somente á memória televisiva.Via muito aqueles desenhos simples,tipo Papa-léguas,Pica-pau,Tom & Jerry,Animaniacs;Mais ainda a tv Cultura: Rupert,as Histórias do Pequeno Urso,A pedra dos Sonhos("A lua lá no céu/é uma ilusão muito bonita"...),Peter Rabbit.Tinha também um muito bom,chamado Animais do Bosque dos Vinténs.Recordo-me como se fosse parte de mim,o nome do filho da raposa protagonista,e de sua rebeldia,garra e propósito:"Audaz".Não por acaso uso tanto esse adjetivo.


...Adorava olhar o céu á noite;queria ser astrônomo,e com 18,imaginava estar na aeronáutica para quem sabe,ser um astronauta brasileiro.Desenhava projetos de naves,carros,grandes construções,e queria ser dono d'uma grande corporação relacionada á área aero-espacial,quando tivesse uma idade já meio avançada.Não parece ser um sonho muito coletivo,mas imaginava que quando realizasse isso,daria á cada funcionário um carro e um salário farto.Isso era fundamental na arquitetura desse sonho.


...Parece que falando disso tudo,esqueci o prelúdio do texto...;Para mim,nada disso era mirabolante,impossível;na minha cabeça não existia de forma concreta a concepção de riqueza/pobreza como opostos,aliás nem sabia muito bem o que era o dinheiro em sua dimensão total;pouco sabia que existia o "povão",maldade,pessoas más.Também não chamava as pessoas de "boas",não recordo de seccionar as coisas dessa forma.Mesmo quando meu pai encontrava-se em fúria,não nomeava ele como mal.Tinha medo,mas não conseguia rotulá-lo,e nesses mesmos 10 anos de idade,antes até,já tinha sentido o terror da morte próxima,a humilhação;mas soube o que era passar dificuldade e superá-la em equipe.E sem culpar pai ou mãe.Soube e hoje agradeço por isso,o que é fazer da fraqueza força,e se interpor ao destino provável,para evitar que machuquem alguém.Mas também não me sentia sozinho;não necessariamente...Havia o lp d'um cantor evangélico chamado "Nicoleti",ele cantava algo do tipo "Flores tem espinhos/a esperança alguma tristeza/mas o amor de Cristo trás pra nós a Vida e a Beleza".Se a memória não me falha era isso.E na minha mente também.Sem maniqueísmos tipo Deus vs. Diabo,Bem vs. Mal,Razão vs. Sentimento,Homem vs. Mulher.Eram só flores com espinhos,esperança com alguma tristeza.Nunca havia me dado conta de que estava intato interiormente;de que meu caos é ta,bém fruto d'um mundo sem divisões claras,aliás,como o é na realidade.Mas isso trouxe suas deformidades:Por sentir que a raiva e a destruição são ruins,desenvolvi como reação de defesa,um certo ar estático,meio melancólico.Achava que esse "eu" estava morto,mas agora vejo -agora indico literalmente,enquanto escrevo esse texto-,o quanto ele ainda está presente em minha constituição interna.Apesar da apropriação do "outro eu",que não sem um pingo de pretensão fiz (aqui nesse ponto,realizo uma observação: não me recordo de nenhuma pessoa "densa","obscura","estóica",ou d'algum deísta meio intectual,que não fosse em última instância como uma criança de olhos profundos,contudo,portando nas mãos as armas vãs do orgulho exarcebado ou do sentido de superioridade.Talvez haja algo de "superior" nisso,seja lá o que "superior" tenha de sentido no espaço-tempo das palavras;mas muitos têm isso á mais em relaçao as pessoas "simples"),nunca havia me dado conta do quanto essas "engrenagens" dificultavam meu "encaixe" com outras pessoas.Hoje aos 21,vejo-me partindo d'um ponto de vista mais neutro(isto é,baseado apenas em evidências não sei até onde questionáveis na sua função existencial),como um homem ainda bem coletivista,mas meio solitário ainda sim;com déficit de auto-controle,um pouco mal-resolvido com certas coisas,indireto por demais,e involuntariamente com o "fator" fé (bem presente ainda que laico em meu cristianismo infantil),reduzido a não mais que uns 20% de outrora,talvez.Pode parecer mais uma vez uma tentativa de só complicar e tornar tudo nebuloso,mas não:não me considero um homem triste.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Sonho d'um dia de Primavera


Esses versos vieram-me á cabeça,no sábado passado,enquanto estava indo para o serviço...Compartilho-os agora.


"Ondas,ondas,ondas!

Serafins!

Rebelde encrespa

a prancha plana

da água-turva


Fato forte

vento-vento

vela

cata-vento


ensolarado/amanhecer

sem cores]


Pontes,carros

seus reflexos esponjosos

fazem espuma

na orla de minha alma


Forte,fraco,clava

Forte,fraco,clava


(risos)


Papéis!Oh!Ridículos papéis


Forte frágil casto

Forte-frágil-casto


Farfalhem folhas!


Farfalhem folhas,

como os cachorros vagabundos

passeiam por entre o luar

iluminados pelos neons


(silêncio)


(silêncio),(silêncio),(silêncio)

(silêncio),(silêncio),(silêncio)


( : )"Bruma" será o nome

de minha filha]


(questio)




Farfalhem folhas,farfalhem


Espírito - - - - - - - - - - - - -Lago

Lago... (Sol;soslaio-olhar)

...Lago...


Pulverizo

Pulveroso


Forte-fraco-clava

Forte-frágil-clava


- - - - - - - - - - - - - - - - - - Cacos


Cacos de mim

Cacos de meu Deus

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Anathema - Everwake (tradução)

Soníferos sussurram de campos vermelhos
Sono me chamando e meus sonhos são maravilhosos
Minha realidade abanadonada (Eu passo longe)
Não importa se eu nunca acordar


segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Domingo; 03/02/2008


Ah,meu espírito...Agora tudo está sereno,mas por quanto tempo?Sei que virá a angústia,e sei também que quando lhe enxergar,ficarei cálido.
O sopro me sussurra escarlate,mas queria minh' alma azul!
Doce voz.Pele,fragância...
********************************************
Eh...Domingo começa,de novo ouvindo Dolorian(é muito foda!!!);fiquei uns 20 minutos sentado para poder despertar de verdade!Como essa sensação é boa...
'Stou vendo,que realmente aquela coisa diferente no ar era verdade: o cheiro,as cores...São tempos de mudança,e vou ter que encarar com muita força e intensidade tudo isso.Tenho que mudar como homem também.Me conheço razoavelmante,com base nisso,e uma certa sensoriedade que andei desenvolvendo,tornar-me-ei uma pessoa digna de créditos,uma pessoa que lembrem muito futuramente

Armando uma trebuchet para meu pretérito de vidro(e outros títulos grandiloqüentes & presunçosos- Salve Nietzsche ^^ !)


Tenho escrito bastante,como vocês(não sei quantos),têm visto em meu blog.Páginas e mais páginas,escritas em noites mal-dormidas.Todos meus textos,têm como material (in)existêncial,uma chama bem cálida que alumia minhas idéias.Digo isso literalmente: quando vou escrever,desligo a tv,as luzes,tudo,e acendo uma vela num castiçal que eu improvisei. ...Parece coisa de maluco,mas acho que foi Max Weber(se estiver equivocado,por favor corrijam-mo),que dizia que primeiro,tudo devia ser escrito no papel,para depois ir para a máquina de escrever.Ele afirmava,que indo direto á maquina,o elo entre sua alma e o texto,perdia-se: era necessário,colocar a alma da forma mais primordial no papel,para em seguida ir á máquina.Aplico esse método não só ao texto,que vai ao papel,mas também á luz utilizada: alumiado pelo fogo e pela parafina,que já foi viva um dia,á propósito,acho que meu espírito estará mais preservado em seu liame com esses garranchos que chamo de letra.
Antes de postar a segunda parte de minha estréia,estarei postando uns fragmentos de minha agenda 2008.
Boa viagem ^^.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Solilóquio/Vanilóquio




É difícil,quase impossível sentir-se em paz,quando o "possêidon" interno fica a remexer seu tridente,provocando mil maremotos...Ora,nunca achei que iria admitir isso de forma racional mas,caso de fato nós herdamos certas características peculiares á nossos pais,valha-me pai,por ter-me dado um pouco de fúria. ...Bem,na realidade meu pai passou longe,salvo um ou outro espasmo de humanidade e paternidade contemporânea,de ser um exemplo,um referêncial de (H)omem dentro de minha psiquê brumosa.Ele 'steve em tempo quase integral,entregue á árdua tarefa de servir como "baliza",como exemplo a NÃO ser seguido(há!há!).



Homens,homem,gênero masculino...;a bem da verdade,admiro 'té certo ponto,nossos ombros e tórax,espumosos de prepotência,sustentado por nossas panturrilhas cheias de miasmas.Nossas asas incólumes mas pétreas,ôh se admiro!Entrego-me de corpo e alma,mesmo que nem um,nem outra estejão lá essas coisas,a uma tarefa tão árdua quanto a de meu pai:ter um pouquinho de senso de imersão,pra compensar essa arrogãncia venenosa que me esfaqueia internamente.



Ok,ok!Devo admitir,é minha função de (H)omem admitir que,se ando meio perdido,foi porque eu mesmo procurei essa trilha.Agüente as conseqüências,afinal de contas,você é um (h)omem.



EU,minha pessoa,Lucas de Jesus Santana,escolhi ceder ás dúvidas mil que percrustam a (in)existência;mas sabe,'té me conformo certo ponto:pense comigo:matematicamente falando,ou,em termos de física,tudo já está meio que definido.Teve aquele Reformista francês também,que deu origem á Presbiteriana,quem era mesmo?...A sim!:Calvino.Calvino,apesar de leigo,elaborou tratados de teologia,e com base bíblica,afirmou a predestinação também!Foi um "touché" da espada cruelenta do destino,em meu coração já cansado e taquicárdico;diz:não é necessário sofrer,tudo já está escrito,é seu destino.É a vontade de (d)eus em minha vida.Minúsculo?Sim,minúsculo.(D)eus,não deve ser um caixa-eletrônico,como nessasigrejas neo-pentecostais á lá Universal que dizem coisas do tipo:"Deus,eu quero uma casa,você tem que me provar que Você é Deus!Dê-me a casa!".Há!Há!Filhotes!Deus não é o Pânico,e tão pouco nós,o "Zina".No entanto,não creio que (E)le tenhá-nos posto dentro d'uma treliça inflexível,composta pelo mais poderoso metal,intransponível seja pelo corpo,pela alma,ou pelo espírito.Aliás,se fomos parar para pensar bem,já somos claustrofóbicos o sulficiente,mas isso,explicarei mais demoradamente nos parágrafos seguintes...



Ah!É!Tem o fato de escrever (D)eus,e não Deus...



Fiquei meio revoltado hoje,admito.Passei num sebo,que fica próximo ao metrô Artur Alvim;fui ver se tinha alguma National Geographic á venda;curto demais a revista,e as fotos publicadas nela...Eis que vejo uma Istoé...A manchete era simples.Não era para reverberar-me todo por dentro mas,nas condições etereamente sanguinolentas nas quais m'espírito encontra-se ultimamente aquilo,tirou possêidon do trono,e a fúria tomou-me conta...



" É cada vez maior o número de pessoas que vivem sós. Mas isso não significa necessariamente sofrimento. Conheça os segredos dos solitários que são felizes".



Claro,minha mente pequena,meu pouco senso de individual,aliados com meu pretenso sentimento de superioridade e uma ingenuidade idiota de bastardo,não poderiam deixar de sentirem-se ofendidos com isso.Na realidade,não há ofensa,ninguém é obrigado a se relacionar com ninguém;e estar com alguém,não significa felicidade,seja lá o que esse substantivo pentassílabo signifique no plano concreto.



Ficar sozinho é bom,se conhecer é bom,no entanto,nada que é bom,até onde tenha aprendido,é destituído de seus possíveis males...



Certa vez no ano passado,tive um breve envolvimento com uma mulher;tentei conversar com ela,para estabelecermos algo,e ela redargüiu-me,com um estranho "Deus deve amar muito as pessoas simples". ...Você tinha total razão;enxergo o sentido de suas palavras agora.



Seres humanos,vivem em sociedade;aprendem o necessário em sociedade;já pararam para ver,o quanto é aberrante o adjetivo "anti-social"?Somos os únicos animais que optam pela solidão,pela "reclusão"(entre aspas,pois nunca estamos de fato "reclusos",só em casos particulares);de toda a natureza,somos um dos raríssimos exemplares,que necessitam de cuidados maternos por durante pelo menos,uns 10% de nossa (in)existência.Até no mito original da Criação,o homem participa com Deus(dessa vez sem parênteses),como um aprendiz,um parceiro,auxiliar.Ele nomeia os animais,o que indica certa familiaridade,certo convivio com eles.Mesmo antes do advento do gênero feminino na raça humana,ao que me parece,o homem NUNCA foi uma criatura de comportamentos solitários e obtusos,tais como o são alguns tipos de tubarões,por exemplo.



Claro,não gosto de estar sozinho,quando isso se torna uma constante em minha vida.Isso foi decisivo para minha rebelião;mas aí entra a coisa da simplicidade:creio,que a solidão ajude,e muito,no processo de "complicação" d'um ser humano,ao passo que uma "coletivação",pode vir a instaurar o altruísmo real,e uma empatia semi-mediunica.Digo não só por mim,mas por outras pessoas que vejo,com as quais convivi,sobre as quais eu li.Acho,que uma vida,ou melhor,construir um patrimônio sentimental,é tão necessário para a saúde mental e espiritual d'uma pessoa,quanto o é,construir um patrimônio material.



As pessoas densas,a exemplo de mim:ora,a arte atiça,a arte lhe colhe,mas,se você não tiver muito espaço vago dentro de si,muita "mata virgem",ela não vai fincar raízes tão profundas...Entre os 15/16 anos,vi-me transformado num ser,que ao invés de viver a vida,interpretava,tentava compreender a vida....Amigos!Qual é a conseqüência da pretensa absorção de conhecimento,da apropriação precoce talvez,de problemas de difícil resolução,que não a infelicidade essencial,o estado de angústia,de conflito?...Mas,se nessa mesma faixa etária,eu estivesse criando uma base afetiva,seria tão angústiado?Não,creio que não;talvez até seria,mas não nas proporções atuais.Dependo dos outros?Claro.Fala-me alguém que não dependa.Cego é aquele que declara-se prepotente,capaz de realizar feitos sozinho(a).No mínimo 50% de tudo depende do condições "externas".É com base no conhecimento,não a priori,mas ali,no concreto mesmo,empírico,que podemos começar a pensar numa maturidade afetiva,que é decisiva nas nossas idéias,na maturação de nosso ser,e biologicamente,na criação d'uma descendência.



Fico me perguntando...;Sabe,sendo bem sincero,acho o substantivo felicidade,bem vago.Ele propõe um estado de permanência,mas só pedras,ou coisas inanimadas,podem ter essa permanência,imune á curva do tempo. ...Fico triste,fico me perguntando,como pode,nós,o gênero humano,aceitar-mos de peito aberto essa tal solidão?Não há condição mais solitária que a nossa:



os jovens inconseqüentes,asteiam suas flâmulas vermelhas ao vento,gritanto:"liberdade!Liberdade!";os políticos de merda,dizem em seus vanilóquios:"Somos á favor da democracia,cada um é livre,para fazer o que quiser".Livres o c******!Estamos aqui,debaixo desse bucólico céu tingido de azul-calcinha,achando que podemos ir além dele;salvo uma centena,meia-centena de privilegiados,todos os outros 5 bilhões,e sabe-se lá o quanto,estão aqui,nessa massa de terra e água,a mercê d'um universo pretensamente conhecido por nossas leis matemáticas;há planetas,muitos outros: - Veja!Há um que é vermelho como o sangue no qual nos afogamos;outro é quente como o inferno que nos aguarda;há aquele,com anéis também:árido,como a alma dos intolerantes...;Aqui também não há muito consolo:para travarmos nossos diálogos com nossa mãe Gaia,temos a prolífica companhia dos chimpanzés,e seu QI de criança de jardim,e os intelectuais golfinhos,e sua avançadíssima idade mental d'uma criança de seis anos... .O ser humano,já é muito só.Sempre esteve só.Precisamos usarmos-nos como objetos vendáveis,para manter um status de "solitários felizes curtidores"?"Aproveitadores da vida,intensos"?Rá!Rá!Com essa tal intensidade,que pode-se traduzir em sexo á vontade e gratuito,tudo o que fazemos é estuprar a vida,e marcar a pele etérea da alma,com as farpas incômodas da culpa.Isso não é ser intenso!



Claro que esse é um grito!É O GRITO DESSA P**** DE ANGÚSTIA QUE TRESPASSA O ÉTER QUE COMPÕE O ESPÍRITO,COMO UMA FACA DE AÇOUGUEIRO,NAS MÃOS D'UM SERIAL KILLER EXPERIENTE.É uma dor muito grande,por ver tudo ao redor,todos ao redor,puxando o gatilho e,ao me olhar no ESPELHO,vejo que possuo ACOPLADA á minha mão,uma ARMA também.



Claro,claro...Sempre falo em clareza:quando se premanece muito tempo no escuro,a luz é algo que fascina,então entoa-se,quase que como um mantra:"claro,claro"...

Fique mais uma vez claro:não sou moralista.Aliás,sou flexível como a água que rodeia o navio da ilutração

Falando da humanidade,não poderia deixar de falar de mim também:



Me sinto muito só.Me sinto lânguido,fragílimo.



Tentei bancar o Odisseu,renunciei,ou renunciaram por mim,tudo que tinha como alicerce:Deus,família,amores,sonhos...Somente esses últimos,sobraram-me como subsídio (in)existêncial,após a inconclusão de meus desejos suicidas.Acreditam que,dentro de mim,chegava a contrapor os sonhos com a falta de perspectiva,para que dessa reação,pudesse (re)existir?Cheguei a escrever uma nota de minha auto-morte.



Sou (H)omem,devo conviver heróica e estóicamente com toda espécie de sofrimento e privação;não posso sentir-me carente,nem querer receber flores ou presentes,afinal de contas,eu sou um mísero (h)omem,e como (H)omem,os miasmas de minhas panturrilhas não me permitem tais conveções tipicamente femininas.Além de (H)omem,no contexto de gênero masculino,sou (h)omem,no conceito(in)existêncial,portanto,(solitário).



Eis o que fiz,continuando acerca dos abandonos em relação aos alicerces:lancei-me no mar das dúvidas,do sentido,da interpretação da alma humana.Sou de tendência egoísta,creio,apesar de Jung ter-me dito que sou "INFJ",O Conselheiro:menos de 1% da população.Poderia ser mais dócil e dedicado com meus entes queridos,mas a pretensão fala-me mais alto:prefiro o plano da "imersão".Mas mesmo neste campo,demonstro-me inábil:imergindo n'algo,o único recurso passível de correspondência no plano da lingüística fonética,é a poesia,o verso,e o cântico.Nesses recursos,meus versos demonstram-se como sendo tão-somente um emaranhado caótico e confuso,de palavras com sabores contrastantes,que anulam-se mutuamente,como se fossem +1 vs. -1 .



Lancei-me nesse mar,perdi-me e,não deveria fazê-lo,afinal sou (H)omem;mas,mesmo as conveções do gênero masculino,opondo-se dentro de mim,com a já caracterísctica violência,clamo:PRECISO de ajuda...Realmente preciso.Lancei-me em alto mar,sem bússola,sem astrolábio,para que talvez,como fruto disso,ganhasse músculos espirituais mais robustos,e tivesse um pouco de histórias e estórias,para compartilhar,...Com alguém denso também,pra que eu não me sinta tão desolado. ...Sei que parece fraqueza,mas sozinho é muito,muito difícil...,E tenho medo de que,uma vez retornando á terra firme só,sem auxílio,ou companhia,meu coração,meus sonhos,hão de metamorfosear-se n'algo duro e áspero,e sólido como uma pedra,ou uma cebola...;Caso isso ocorra,não vale á pena.Nada.



A ironia é que ouvi falar,que da cebola faz-se um tipo de açúcar.



Não entendo muita coisa,apesar de ser cínico e pretensioso:na infância,assisti muitos filmes sobre índios.Se alguém for parar para observar bem,sou absurdamente orgânico,basta parar um pouco para ver.Pois bem,em 1854,o chefe Seattle,mandou uma carta ao presidente dos Estados Unidos,por conta do desejo desse,em comprar as terras daquele.E ele afirma na carta: "quando você homem branco cospe não chão,cospe em si mesmo,pois a terra é cinza de nossos antepassados;quando você corrompe o ar,e tal como um moribundo,não sente o odor fétido de suas cidades,tão acostumados com ele estão,vocês corrompem o ar que deu o primeiro respiro,ao primeiro homem;o rio é nosso irmão,e nosso Deus,é o mesmo Deus,e Ele vê,como vocês sufocam suas camas com seus desejos"...



Sou um tolo,cheio desses filmes de índios...Mas,por ver a nós,tão sós,não é possível deixar de ver,sob minha óptica, o rio como nosso irmão;como o Grande Espírito não é Deus?Como Deus,que nos deixou aqui,sós,sabe-se lá o porquê,pode caber dentro d'um livro?Posso com o tempo,ver que 'stou equivocado mas,se cada descoberta quântica falhada,se cada cálculo matemático terminado em um número irracional,podem vir a demonstrar que Deus,de fato existe,como;como ele pode caber num livro de capa preta?Não sou nem um pouco ortodoxo,e não gosto muito de Calvino,mas como ele cabe num livro?Isso realmente soa estranho para mim.No entanto,ele disse:"amai-vos uns aos outros,como Eu vos amei","benditos sois,pacificadores,mansos,puros de coração'...Como meu amor por Ele,e por tudo que vive,não transcede isso,á tal ponto,que parece que Ele desaparece,tão assimilado 'Stá?



Me culpo por não ser perfeito,da forma como a prendi a associar á imagem d'uma Deidade;me culpo por não ser um irmão melhor;por não ter sido um filho melhor para minha mãe santa;por não ter sido...O mais coletivo possível...



Ao que me parece,existindo ou não vida fora da terra,estamos aqui,e só podemos contar uns com os outros,ao menos por hora,caso hajam outros,e devemos expressar nossa piedade,nosso amor,nosso desejo de construir,independente das amarras do destino de Calvino.É nisso que creio.Não sei se isso é ser cristão,pagão,ou seja lá o que for,mas,ouvi num filme bobo,que guardar para si um amor verdadeiro,é o caminho mais curto para a infelicidade,e não acho que isso vá contra o que Deus,ou o Grande Espírito queira de nós.



Para ser sincero,minha fé reduziu-se.E muito.Tenho muita esperança,mas fé...;mas sinto falta dos tempos de Assembléia de Deus,e o que aconteceu,é que eu,nesse alto mar que é minha cabeça,meu espírito,encontrei uma pessoa que saciou minha sede;vi alguém,que não era um "espelho",ou só mais uma pessoa,que,por mais simples que seja,por mais sincera,por mais que Deus a ame,ela não sabe o que é o oceano.Você,Deusa da Caça(significado original de seu nome),mesmo sendo parecida comigo,em tantos aspectos,tem paixões diferentes,medos diferentes,abstrações diferentes;e isso me aqueceu...E eu sentia frio,fazia muito,muito tempo...



A proeminência de um homem,é os braços talhados,os ombros largos,que são legado de nossos ancestrais esgarçadores de carne...Na mulher,a proeminência se dá na forma de curvas,que nos acalmam com seu alimento,que guardam a vida...Como achar a vida solitária melhor que isso?Apartado de nossa condição coletiva,do compartilhamento do espírito?Se estou equivocado nesse ponto...Ainda tenho que entender muita coisa.



Talvez,se algum dia me tornar obtuso,de coração pétreo,compreenda esses gostos amargos,e os aprecie-os com certa lerdeza até.No entanto,enquanto a chama brandamente cálida de meus sonhos,aquecerem-me,porei esses braços cansados,quase convulsionantes contra a maré.E assim há de ser.



Abraços á todos.

terça-feira, 3 de novembro de 2009


Bem,ia postar a segunda parte de minha "estréia";no entanto,como já me sobra mais tanto tempo,e o texto ainda renda uma terceira parte(o.O)!,Postarei umas poesias antigas.Escrevo faz já muito tempo,acho que desde os 13 ou 14 anos,comecei a levar a escrita mais a sério(apenas em termos,fique claro).Mas nunca me achei consistente o sulficiente pra escrever prosa... :( .Esse é de 2008:


"Ele me olhou com ternura,

Sua voz era forte,porém serena

e pediu-me para repaginar

cada fagulha

de minh'existência.


Mas onde está o por-do-sol?

palavras bonitas se desmancham ao vento,

e tudo que faço é deitar-me,

vendo as cores que o céu furta para si


Reflexões...Reflexões...


Minh'alma pede sentido

pede direção;

Mas tudo que recebo dEle

são olhares


O campo de cereais...

Manchas no céu do ocaso...

Éolo fala,

as plantas obedecem sutilmente;

Deitado sob impressões-mil

Ele olha para mim e se despede


A jornada é longa e morna

Mas haverá calor e neve;

Agora compreendo quase tudo


...Enquanto O vejo dando as

costas para mim''


03/03/2008

sexta-feira, 30 de outubro de 2009


Todo o artista,eu acho,é um modificador.Claro,é meio vago falar isso,pois se trata do ser humano,o único ser vivo que leva seu habitát pr'onde for,seja os pólos,ou o Saara.Mas fico pensando nisso...O escultor,deforma a pedra,até que ela adquira outra forma;ela não deixa de ser pedra,mas torna-se diferente.Mesmo o músico,pode caso queira,criar uma ordem não muito natural,na sua seqüência de sons.Em algum plano o artista modifica.Platão,se não me engano,dizia que o artista era uma abominação,pois ele deformava a realidade de acordo com sua vontade,e isso deve dar um certo trabalho á filosofia,cuja principal tarefa é justamente empreender e compreeder essa realidade.Rsrs,de certa forma é como se arte e filosofia fossem opostos.E essa discussão dá muito pano pra manga...

Abraço á todos(apesar de ainda não ter nenhum seguidor :( .



Venha sussurro,e deixe-me feliz


enquanto você se vai.


Venham braços


e com abraços


cálidos,


deixe minhas asas em paz




Oh!Inverno longo!


Onde foram parar nossas


tulipas tão sinceras?




Teu amor navega como Odisseu,


para Ítaca algum dia voltar;


me ame com seus lábios


e o vento há de te proteger.




Com sussurros,


sem ser brusco,


com o amor de Deus


disfarçado na serenata...




Me diga bom dia,anjo


enquanto toco-a com meus lábios


na sua face amanhecida.




Me diga bom dia,anjo


enquanto baixinho o paraíso lamenta.




Ame e tenha fé:


Será vastidão,serias pinheiro,serias riacho.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Algumas Impressões sobre Vc(os sentimentos que vc me causa)


Já em chamas e completamente borbulhante

em vão prometeu tornar-se gelo;

em vão orou para a nevasca!

em vão tentou ser como antes

e apenas seguir o curso dos oceanos:

Já estava tomado por incêndio grandiloqüente!


Agora apenas vapor(!)

agora guiado pelas asas do deus Éolo,

subia aspergindo sua essência;

aspergindo a solidez que não possuía


Esqueceu-se como ser intangível igual o gelo,

fluido como a água...


Era vento,era vapor;

tornou-se nuvem,filho do ar;

tornou-se o próprio ar!Tornou-se sussurro...


Possêidon!Como pode a água ser tão caótica?

É esse o feitiço do fogo?




OBS:a foto que ilustra o texto,é de autoria de Fredi Kleemann(1927-1974)
OBS²:é de minha autoria.Dedico-o á uma pessoa querida *_*

Miserere!



Faz algum tempo,acho uns três anos,estava ouvindo a Cultura FM(minha rádio favorita


\°/ );tem um "quadro",chamado pergunte ao maestro;pois bem,um ouvinte havia comentado sobre uma HQ,na qual aconteceu algo pra lá de curioso: o personagem,havia infligido alguma regra,grande o sulficiente para considerá-lo um pecador.E dos grandes!O único jeito de redimir-se de Deus e dos homens,seria entoar um "Miserere";um cântico cristão que evoca a Misericódia de Deus.Devo admitir ser esquisito logo eu,falar a respeito dessas coisas,mas quando ouço certos hinos,principalmente a liturgia cristã da Idade Média,não deixo de ficar tocado. ...Outro episódio que vale citar,é sobre a Antífona Mariana "Salve Regina" (Salve Regina /Mater Misericordiae/Vita Dulcedo);ela era muito entoada no fim do século XIV,começo do XV,principalmente pelos marinheiros ibéricos.Eles se juntavam no convés do navio,todos,pouco antes do cair do Sol e,á capela,em uníssono como pede a música litúrgica clássica,entoavam o Salve Regina,pedindo misericórdia à Deus e o bom sucesso da viagem.Tenho uma fitinha com o Salve Regina de Poulenc,essa versão sendo já bem mais recente,acho que dos anos 1920 mais ou menos.Mas não deixa de ser tocante!...Sei que ele compôs essa versão,por ocasião da morte d'um ente querido.
O tal do Miserere,corresponde ao Salmo #51;mas o que mais me toca mesmo,é a transparência com a qual as músicas sacras eram entoadas nessa época.Parece não sei,que ainda em carne virava-se espírito;me sinto etéreo e puro,só de entoar essas melodias aqui,na minha mente.E choro.Rsrs,cheguei a chorar copiosamente numa madrugada,na qual no breu do quarto de dormir,pus-me a ouvir a tal fitinha,e com outras liturgias também^^.Mas não é o orvalho da tristeza(gosto de referir-me ao choro,como orvalho).É antes um peso enorme que se esvai de meus ombros,e rola-se lágrimas d'uma alegria branda,serena,cingida pela consciênca profunda de minha pequenez ante o intrasponível céu que sobrepõe-se a mim rumo ao cosm0.^^ É bom respirar isso.
Somente algo como um "Miserere",é capaz de tirar de dentro de nós todas aquelas angústias secretas que nos abafam,ainda que momentâneamente.Desejo um sincero "Miserere",ás pessoas que amo.
Abraço á todos!
P.S.:Aqui,segue-se o vídeo do Salve Regina de Poulenc!




segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Interlúdio


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"Orvalho que me molha,
que esgueira-se por mim,
como se fosse eu...
Um nada."

Estréia - Parte I


Bem,é minha estréia nesse negócio de blog.Sempre pensei em ter um para falar a verdade,no entanto,sempre tive um certo receio de copiarem meus textos.Não que eles valham lá grande coisa,mas são meus.Nunca tinha visto ninguém fazer isso,até um mês atrás mais ou menos...,Mas exercitar a escrita é bom,e talvez quem sabe ao expor minhas feridas e demônios de forma pública,não fico um pouco melhor?Parece mórbida talvez,essa história de lavar roupa suja em público.É meio feminino também,eu acho;mas desde os dezesseis(mesma idade na qual passei a ver um mundo de forma menos inocente e tive uma distimia),passei a imaginar o próximo,aquele com quem esbarramos na rua o tempo inteiro,como uma espécie de "extensão do eu".Ora,se uma pessoa não possui algum tipo de limitação mental ou sensorial,logo ela está passível de passar pelas mesmas sensações que eu.Claro,isso sempre ocorre,mas a forma como resolvemos isso,muda de "eu" para "eu". ...Se alguns amigos de internet postarem seus pontos de vista,enriquecidos por suas próprias conexões neurais,posso aprender a sanar certas coisas.Ou não.Por minha vez posso ensinar também.Essa visão do outro como outro "eu",apropriei-me dela as dezesseis novamente,enquanto assistia o "Café Filosófico" da Rede Cultura(mudou minha vida,a propósito^^).É uma forma grega de ver as coisas ao que me parece.Acho que faz algum sentido,pois só podemos saber certas coisas,tendo o próximo como parâmetro.Sensações como identificação,desconforto,angústia social,senso de individual,só podem imaginar a existir,se há uma outra pessoa envolvida,para se realizar as comparações.O mesmo vale,acho,para sentimento de culpa ou dívida,estranhamento de si mesmo.
...Nunca achei-me uma pessoa estranha ou densa,ou qualquer coisa do tipo,antes dos tais quinze,dezesseis anos.Antes tinha uma visão simples de mim e dos demais.
Nesse ponto pós-2004,outra coisa que parece fazer algum sentido,é a tal história dos signos:sou peixes com ascendente em aquário e lua em peixes.Quando leio algum artigo sobre os dois,me vejo muito neles-rebeldia de aquário;fé/desejo de crer de peixes;racionalismo e frieza de aquário;sentimentalismo e falta de controle piscianos.De peixes ainda,a melancolia,os desgostos secretos que se sedimentam no oceano profundo do espírito,a falta de jogo-de-cintura,a empatia elevada á "n";de aquário a jeito cínico/palhaço;a facilidade em ficar revoltado,a imaginação.Mas os dois têm em comum o pouco senso individual.
...Parando pra pensar bem,as maiores alegrias,os maiores sonhos que acendem dentro de mim,não são refeições solitárias.Desde os dez,quando passei a escrever meus sonhos,sempre quiz uma casa grande,um carro grande;esposa,uns três filhos,sendo que um talvez fosse adotado...
Rsrsrs...Agora me lembro com certa saudade:aos dez anos,em 1998,saia da escola,ia pra casa;arrumava-a,assistia "Blossom",fuçava a coleção de discos de meu pai e ia buscar minha irmã.Houveram muitos dias quentes em '98,mas os dias que pareciam melhores e que se encarnaram nas paredes da alma,foram os dias nublados,paradoxalmente alegres. ...Meu pai tinha um disco coletânea(aquelas "bolachonas" de vinil),de duas bandas de rock instrumental dos anos '50.Quase sempre ouvia aquilo...,Na capa,tinha um Chevrolet,acho que '57,vermelho.:Meu sonho era: fazer um baile na escola;com iluminação intimista;havia um palanque d'uns três degraus de altura-lá,eu vestido todo de jeans,com uma jaqueta,dançaria uma música lenta daquele disco com minha namorada;enquanto veria os outros casais dançando também.Ela,com um vestido tipo "Marilyn Monroe",balançando ao som de The Ventures e The Shadows...Tudo isso num dia nublado,claro!;Na saída,pegaria o Chevrolet '57,e na estrada imaginava-a dando risada no banco do carona,com óculos escuros.
Fique claro: hoje não viajo tanto;quero coisas mais possíveis -e baratas;mas considero esse um sonho coletivo.
Meus pais fizeram algo ótimo e péssimo: 'té a morte de minha mãe,convivi com pouquíssima gente,se comparado com outras pessoas.Claro que joguei bola na rua,mas eram sempre a mesma meia-dúzia de amigos.Vivi em cortiçoa algumas vezes(nunca ficava mais que uns dois ou três anos na mesma casa normalmente),no entanto o contato com os demais,era meio restrito...;Em casa ficava com a tv e o rádio.Antes dos doze,não sabia lá muito bem o que era samba ou pagode;aliás,até sabia,mas não estava dentro de meu mundo;não sabia também muito bem,o que era vôlei ou futebol na rua;nunca tive um "time rival da rua de trás";não sabia o que era machismo ou feminismo,mas bem bem cedo soube o que era violência doméstica.Novamente antes dos doze,ouvia música sacra:Embaixadores de Sião;Grupo Hágios;Padre Zezinho;Feliciano Amaral...;Ouvia Steve Ray Vaughan e seu blues texano;os já citados The Ventures e The Shadows;alguma coisa de Soul Music,tipo Lionel Ritchie;Um pouco de Suzane Vega;tinham uns discos do meu pai,coisa dos anos '50/'60 também,mas nada muito rock.Algumas coisas em francês,das quais nem lembro os nomes dos intérpretes;B.J. Thomas;de vez em quando uma meia-hora de rádio Usp;e uma fitinha que tinha "Aonde Você Foi" do Cidade Negra,e outras coisas. .